segunda-feira, 16 de maio de 2011

Finalmente experimentei

     Depois de tanto tempo, finalmente decidi assistir a um filme em 3D. Sim, eu sei que é bem provável que tenha sido o último ser pensante a fazer isso, uma vez que faz tempo que essa moda se alastrou pelo mundo. Mas, como já diz o clichê: antes tarde do que nunca.
     Como foi? Péssimo. Isso mesmo, detestei cada minuto. Talvez a escolha do filme não tenha sido muito feliz - apresentei meus olhos às três dimensões numa sessão de 'Thor' - a sala de projeção não esteja totalmente preparada, ou ainda os óculos utilizados não sejam os mais indicados. Não saberei precisar o motivo, só posso afirmar que foi um fiasco. Explico...
     Primeiro foi o incômodo de colocar aquele troço na cara - isso porque eu vivo de óculos escuros; armação grande demais, torta demais. Ao mesmo tempo, uma coisa meio claustrofóbica, já que toda a visão periférica é anulada, priorizando apenas o que se enxerga pelas duas lentes (isso é óbvio e necessário, eu entendo). Em certo ponto do filme, a sensação era de que meus olhos iria saltar das órbitas, tamanha era minha dor de cabeça. Quando tirei os óculos pela primeira vez, percebi o quanto ele "encolhe" a tela; isso mesmo, com aquele troço na cara, a tela parece a de uma televisão com míseras polegadas. Ao perceber o tamanho real da tela, me deu uma saudade de ver cinema da forma como tinha visto até então - "a olhos nus", eu diria. Tá, eu sei que sem os óculos a imagem fica tremida, blá blá blá, e é claro que eu não assisti ao filme todo sem eles. Mas que por várias outras vezes eu tirei aquele treco do rosto, isso eu fiz; sei que soa estranho, mas era como se meus olhos pedissem para respirar...
      Dizem que quanto mais velha a pessoa, mais avessa às novidades tecnológicas ela fica - o que na verdade representa uma dificuldade em adaptar-se, mudar algo que já estava estabelecido, confortável, cômodo. Pode ser que seja isso. Depois dos trinta anos meu grau de "rabugentice" só faz aumentar. Porém, todo mundo sabe que nunca fiz questão nenhuma de negar esse traço da minha personalidade. Sempre fui rabugento e acredito que continuarei o sendo.
     Mas eu vou além. É muito mais do que ser rabugento. Tenho um SÉRIO problema com as ditas 'modinhas'. Basta alguma novidade surgir - ou alguma coisa até então considerada obsoleta voltar a ser popular - para que não se fale em outra coisa. Todo mundo quer ver/ter a tal novidade e assim que conseguem, falam daquilo como se fosse imprescindível para a humanidade! Sempre é assim. Com roupas, acessórios, músicas, filmes e novas tecnologias. "Ah! Mas a tendência agora é que TODOS os filmes sejam em 3D! Muito mais legal! Muito mais emocionante"! Aham Claudia, senta lá.
     E por que pra mim isso é um problema? Pois de tanto ouvir comentários a respeito, lá vou eu todo empolgadão com a 'bagaça' para, invariavelmente, tomar um belo de um balde de água fria na cabeça. Essa PUTARIA em torno dos filmes em 3D, e eu já tinha visto coisa bem parecida - guardadas as devidas proporções, claro - há duzentos anos atrás, com o bom e saudoso Master System! Isso mesmo, aquele videogame sucessor do rudimentar Atari já apresentava esse recurso em alguns de seus jogos...
     Talvez se eu tivesse visto algum outro filme, a minha primeira reação à tal tecnologia não seria de tamanha repulsa. E se tivesse sido o famoso, famigerado, comentado, aclamado, insuportavelmente longo, AVATAR a experiência tivesse sido positiva? Quem sabe os efeitos em 3D salvassem o filme, porque, né? Outra coisa que me deu nos nervos! Puta balbúrdia sobre o longa-metragem dos 'Smurfs bombados', elogios quase que orgásticos, pra quê? PRA QUÊ, eu vos pergunto? Toda essa putaria por causa de um filme que não é nada mais - mesmo - do que aquelas introduções dos jogos dos consoles mais modernos. Os dinossauros de Jurassic Park são infinitamente mais realistas e convincentes do que aqueles ativistas do Greenpeace em versão psicodélica.
     Enfim... Comecei o texto para reclamar da decepção do 3D, acabei descendo a lenha nos Smurfs. Foi inevitável. Uma decepção puxa a outra. O foda é constatar que essa modinha vai estar em tudo que é filme agora. Não precisa! Muito filmes ainda serão muito melhor apreciados na forma tradicional. Ou alguém aqui acha que 'O Bebê de Rosemary' seria mais sombrio e instigante se visto em três dimensões? I really don't think so.
     Não sou nem nunca fui cinéfilo. Mas ainda assim, eu sinceramente espero que essa nova tecnologia fique restrita aos filmes que, na falta de um roteiro bem escrito, de um elenco poderoso, uma fotografia magnífica e de uma trama inteligente, precisam encontrar alguma justificativa para levar as pessoas a comprarem seus ingressos. Até que surja uma nova MODINHA e aí todo o 'fogo' se volte para outro lado, destronando os incômodos óculos e enaltecendo seja lá qual for a traquitana da vez.
     Se até agora eu sempre procurei fugir de filmes dublados, me vejo obrigado a incluir na minha lista de restrições mais um item. E se for dublado e em 3D?
     PELAMOR!!!

domingo, 8 de maio de 2011

É difícil...

     Cheguei à conclusão de que tudo na vida tem o seu revés. Tudo. Não importa quão maravilhoso seja o momento, cedo ou tarde o "lado negro da força" virá para te atormentar.
     Há algum tempo dedico minha vida à viajar, pra longe, perto, sozinho, acompanhado, whatever. E todos já sabem que essa, digamos, atividade, vem me proporcionando momentos memoráveis, únicos, emocionantes. Porém, como disse logo no começo, isso também tem o seu lado negativo. Digo isso pois, quanto mais você viaja, sai do seu casulo rotineiro, conhece, aprende, sente, troca, ensina, encanta - e é encantado - conquista, mais você percebe o quanto a vida comum, o dia-a-dia, as obrigações da vida o limitam, prendem, tornam muito difíceis o viajar mais, o conhecer mais, o sentir-se cada vez mais livre.
     Num momento você está vivendo coisas até então inimagináveis, rindo até doer o estômago, na companhia de pessoas fantásticas, sendo felliz. Logo em seguida, você se vê sufocado, preso numa situação que beira o surreal de tão incômoda, apática, insossa, sem graça mesmo. Aí entra o que eu poderia de chamar de "benção da ignorância". Sim, pois aqueles que não tem noção de que o mundo é muito maior - e infinitamente mais interessante - do que apenas à realidade que orbita seu umbigo, não tem o dissabor de sentir essa ausência, essa saudade, essa vontade de entrar num teletransporte e sumir.
      Eu sei que tal situação não é mortal, pois eu mesmo vivi assim durante boa parte de minha vida e sobrevivi. Mas eu acredito que - mal comparando - seja o mesmo do que viciar-se em algum entorpecente. Você vive muito bem sem provar aquilo, ou mesmo sem saber que tal coisa existe. Mas a partir do momento em que você experimenta a sensação, aí já era: você é tragado para uma nova realidade, a qual não consegue imaginar como até então viveu sem.
      Enfim, tudo isso pra dizer que, se eu pudesse, viveria em trânsito eterno, em companhia daqueles que apreciam a minha companhia, independente do tempo em que estive ausente; viveria buscando novas paisagens, novos rostos, novos sabores, novas experiências; fugindo da monotonia como quem foge de seu algoz.
      Eu sei, eu sei que não adianta reclamar. O certo é tomar atitudes para que tais motivos de reclamação não mais existam. Gostaria que fosse simples assim. Porém, aquilo que te prende, que te sufoca, pode ser a mesma coisa que te permite alçar alguns voos, vez ou outra. Complicado? Contraditório? E quando foi que eu disse que era simples?
     Pois é... Resta apenas continuar insistindo, investindo, aproveitando cada oportunidade, cada convite, para que essa sensação torne-se cada vez menos frequente. E quando não der, fazer isso aqui. Desabafar...

*Escrito num domingo ensolaradíssimo, com dor de cabeça, resultado de algumas cervejas de péssima qualidade...