quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Vivendo na Caverna do Dragão

     Quem tem seus trinta e poucos anos (com uma margem de erro de alguns anos, para mais ou para menos) conhece o desenho Caverna do Dragão. Mas, se você não sabe do que estou falando, resumo em poucas palavras: um grupo de amigos, em busca de algo novo, de adrenalina, emoção e diversão, decide fazer um passeio numa montanha-russa chamada Caverna do Dragão, localizada na cidade onde moram (lugar ao qual, ao longo dos episódios, eles se referem simplesmente como "casa"). Acontece que, aquilo que prometia algo muito legal acaba se transformando num tormento: no lugar de uma boa dose de adrenalina, eles são enviados ao mundo estranho, hostil, momento a partir do qual o único objetivo desses amigos é encontrar o caminho de "casa". A cada um resta, além da obstinação em encontrar o tal caminho, a companhia dos demais, pois além de terem o mesmo objetivo, são as únicas referências que tem do mundo que deixaram pra trás. Além deles, surgem um "conselheiro" que os enche de enigmas os quais, supostamente, os ajudariam a voltar pra casa; um unicórnio irritante que só faz atrapalhar ainda mais a vida dos caras; um capeta de um chifre só e um dragão de várias cabeças que também só empatam a trajetória da turma. Em cada episódio, a sequência é praticamente a mesma: surge alguém em perigo ou inimigo novo; o tal conselheiro aparece do nada e fala umas coisas sem pé nem cabeça, que mais confundem do que inspiram; depois de sofrer um bocado, alguém tem um "estalo", decifra o enigma e descobre uma forma de encontrar o "caminho de casa"; quando estão todos com um pé do lado de cá, pronto, alguma merda acontece e, mais uma vez, todos se encontram presos no tal mundo misterioso. É como se o problema não fosse o capeta "monocorno", o dragão mutante ou o unicórnio insuportável, mas sim o tal do "quase". Essa é a ideia geral do desenho. Se ainda assim não entendeu, vai pro Google e se vira.

      Às vezes dá essa sensação de estar preso num universo semelhante ao do desenho.

     Devido a uma situação de tédio, mesmice, falta de entusiasmo, buscamos algo que nos traga um novo ânimo, situações mais divertidas, interessantes, uma quebra de rotina, uma nova realidade. Claro que essa busca visa algo mais duradouro do que uma viagem de montanha-russa e, por isso, conseguir esse 'algo' não é tão simples quanto comprar um ingresso, sentar num carrinho, baixar a trava e erguer os braços. Pelo contrário. Demanda tempo, planejamento, dedicação, esforço, renúncias. Então, quando finalmente se consegue o tal 'algo' - o entrar no carrinho - tudo vira festa, diversão, sentimento de conquista, de poder (no sentido de 'eu posso', não 'eu mando'). Mas aí...

    Passada a euforia inicial, o passeio na montanha-russa começa a perder a graça, torna-se repetitivo, monótono, sem graça e quando nos damos conta, estamos numa realidade que não é bem aquela que imaginávamos (aqui faço uma ressalva: enquanto no desenho essa mudança de mundos é abrupta, na vida real ela acontece de uma forma lenta e disfarçada). Quando se realiza que se está onde não se queria, bate aquele desepero e, logo em seguida, monta em nossos ombros uma desgraça que vai nos acompanhar por muito tempo: a dúvida. "Por que fui ao parque naquele dia? E se eu tivesse escolhido a roda-gigante? Estava tão confortável na minha cama, não deveria ter inventado pra cabeça...".
   
    Finalmente chega a parte mais ingrata de todas: as eternas tentativas de mudar tudo de novo, de se libertar definitivamente da realidade que incomoda (ainda que não seja de toda ruim, não é a realidade que possa ser chamada de perfeita), de insistir muitas e muitas vezes seja em voltar pra "casa" ou ir pra outra "casa" qualquer, desde que tenha para te oferecer o que seu mundo atual não oferece. Aí você tenta, tenta, chega beeeeeeeeeeeeeem perto, mas ali, na marca do pênalti, falha. Tenta de novo - e de novo - e fracassa, mais uma vez. E aqui o negócio fica ainda pior do que no desenho: lá eles tem uma gama de criaturas sobre as quais jogar a culpa das suas tentativas fracassadas; do lado de cá, não dá. Um ou outro pode até tentar tirar o seu da reta e dizer que a culpa foi do vento, da chuva, do mau-olhado, da praga rogada, do governo; talvez nem seja uma questão de covardia, mas uma tentativa de minimizar o sofrimento de saber que, na verdade, a culpa é toda sua. Pois quem já tentou e falhou sabe bem que a frustração não desce fácil. No primeiro filme dos "X-Men", ao ver as garras saindo das mãos do Wolverine, a Vampira pergunta a ele se aquilo dói. Ele responde: "Toda vez...". Saindo da metáfora da Caverna e usando a dos mutantes, a frustração é como as garras do Wolverine, uma coisa com a qual não se acostuma.
    
     O mais difícil é você realizar que não pertence àquela realidade, saber qual é o caminho para se livrar dela (talvez existam outros, mas você os desconhece), fazer o que está ao seu alcance para cruzar a linha que divide os dois mundos mas nunca conseguir (a coisa piora quando você vê que outros já conseguiram e você, NADA). O ideal, então, seria adaptar-se nessa realidade que você não entende como sua, só tendo o trabalho de se esconder do "capeta monocorno" e desencanar de vez de encontrar o "caminho de casa". Afinal, não há armadura/paciência ou arma mágica/perseverança que dure pra sempre.
     
     Talvez uma poça de realizações seja melhor do que um oceano de expectativas...
    

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Tenho amigos...


Que moram longe

Que moram perto

Que vejo com frequência

Que vejo de vez em quando

Que não vejo há muito tempo

Que vi apenas uma vez na vida

Que nunca vi pessoalmente

Que conheci na escola, na faculdade, trabalhando, viajando, por aí...

Que estão comigo por eu ser como sou

Que estão comigo APESAR de eu ser como sou

Que confiam em mim da mesma forma em que confio neles

Com os quais eu já rolei de rir, fiquei bêbado, chorei, desabafei, confidenciei

Com os quais viajei, fui a festas, shows, praias, bares, boates, feiras, parques, circo, velórios...

Que já me confiaram segredos, responsabilidades, as chaves de casa

Os quais eu, talvez, jamais seja capaz de agradecer o suficiente por tudo que já me fizeram...

Tenho amigos de toda sorte, com diferentes personalidades, gostos, desgostos, humores, preferências, manias, enfim, um grupo mais do que diversificado.

Entretanto, categorizá-los dessa forma não quer dizer que faço distinção entre um e outro, que tenha mais consideração por esse ou por aquele. Muito pelo contrário. Ainda que cada um tenha a sua peculiaridade, tenha entrado na minha vida há mais ou menos tempo, me conheça a fundo ou nem tanto assim, não importa. Se considero meu amigo, assim o é e assim sempre o será – pelo menos até tornar-se indigno da minha amizade, coisa que, reconheço, já aconteceu algumas vezes...

Costumo dar mais ênfase à amizade do que outras formas de relacionamento humano. Isso se deve, talvez, pelo fato de que na amizade não existe uma obrigação implícita, tal como existe no parentesco, por exemplo. Família é família, é de onde você vem, onde você se cria, que te prepara para o mundo onde – aí sim – você vai fazer suas amizades; sendo assim, relacionamento familiar é natural, esperado, simples consequência do fato de estarmos vivos. 

Já a amizade, não. 

Só é amigo quem você quer que seja seu amigo e quem quer que você seja amigo dele. Não funciona de outra forma. Às vezes acontece de você querer ser amigo de fulano ou sicrano, mas não rola reciprocidade, assim como o inverso também acontece – a pessoa insiste em se aproximar, mas você não vai com a cara da mesma, sabe? Claro que existem as “amizades” por interesse, conveniência, oportunismo; mas esse tipo de sujeira não me interessa, já que esse texto é sobre as minhas amizades e não sobre a podridão alheia.

Amigo não tem obrigação nenhuma de aguentar você a contragosto; se te suporta, é porque gosta (e eu que o diga). Claro que, às vezes, concessões são necessárias, uma dose extra de paciência, tolerância, tudo em nome de um bem maior; não dá pra ser tudo a ferro e fogo, uma eterna imposição de vontades, uma batalha de egos. Não funciona assim. E eu acho que aí que reside o segredo da coisa toda, esse consenso, esse acordo não verbal, esse entendimento espontâneo que permite relações duradouras, de confiança, de respeito e de muita diversão – coisa que apenas os amigos são capazes de proporcionar. Talvez quem tem muito dinheiro, ocupe uma posição social de destaque, tenha motivos para temer os que dele se aproximam, nunca consiga confiar cegamente em alguém, não considere ninguém como seu amigo. Bom, como eu não pertenço a nenhuma dessas categorias, esse é um temor que não me acompanha.

Dane-se quantidade, tempo de duração, frequência de contato, de presença física, palavras “miguxas”; quem é amigo MESMO tá andando pra essas convenções. Não importa se passo muito tempo sem ver, falar ou receber notícias de amigos – ainda que a saudade não seja uma coisa boa – o fato é que, quando isso acontece, parece que nos vimos ontem mesmo. O sentimento é mais forte do que qualquer melindre. E é isso que é o bom da coisa. Essa certeza de que, não importa as voltas que mundo dê, sempre haverá alguém para encontrar, para quem voltar, alguém com quem compartilhar tudo de bom e de ruim que aconteceu. 

Tem amigo que só tem uma preocupação: se você está bem. Faça a merda que você fizer, ainda que ele não concorde, não aceite, ele não vai perguntar detalhes, só vai querer saber se você está feliz; se a resposta for positiva, o assunto morre aí. Existem outros que, além de querer ver você bem, usa do poder que tem para abrir seus olhos, te passar aquele sermão, te dar aquela “chacoalhada”, puxar teu freio quando as coisas vão indo pra um caminho danoso, perigoso. Outros, ainda, se sentirão traídos, passados pra trás, quando você fizer novos amigos e passar mais tempo com os novos do que com eles, vão fazer mil conjecturas, duas mil suposições, três mil “achismos” para, no fim, continuar tudo como sempre foi – e dá-lhe paciência! Tem os que falam a verdade, mesmo que você não queira ouvi-la (dá um “ódinho”, mas depois a gente acaba agradecendo). E, claro, aqueles que vão tirar o seu sossego e te meter na pior das roubadas; vão fazer você passar vergonha – da qual vocês vão rir muito tempos depois; vão te deixar com a cabeça quente de preocupação, mas aparecerão logo depois com a cara mais lavada do mundo, como se nada tivesse acontecido; vão sumir, não responder suas mensagens de texto, muito menos seus e-mails, fazendo você achar que fez algo de errado, que disse o que não devia, ficando desesperado para saber que merda que deu e o que fazer para arrumar quando, na verdade, a figura estava apenas “se desintoxicando da tecnologia”. Você vai querer matar o desgraçado, mas em pouquíssimo tempo o ódio passa e você percebe que sempre será assim, afinal, foi com esse “traste” que você fez amizade (e talvez você o considere justamente por causa disso). E você vai amá-los do mesmo jeito.

O fato é: ninguém e plenamente feliz se não faz amigos ao longo da vida. Pode ter a família perfeita, ser a pessoa mais bem sucedida profissional e financeiramente, mas se não tem amigos... Só resta lamentar. Tenho pra mim que a pessoa que falha em fazer e manter amizades não atinge, digamos, sua plena competência como ser humano. Tá, ok, ela pode ser bem sucedida em todos os demais departamentos da vida – nos quais eu talvez nunca venha a ser – mas se não tem nenhum gato pra puxar pelo rabo amigo para chamar de seu, sinceramente, está deixando de vivenciar experiências únicas.

Li por aí que “amigo que é amigo não precisa de um dia, pois o é o ano todo”. Concordo, mas em termos, pois pai e mãe também são para a vida toda – porém todo mundo sempre faz um “qualquer coisa” diferente no dia deles; logo, por que os amigos também não merecem? É assim que eu vejo o dia de hoje, uma oportunidade de tornar ainda mais pública essa consideração, de concentrar os agradecimentos – afinal, ninguém fica ligando TODOS os dias para TODOS os seus amigos, não é?

           Mas enfim, rabugices à parte (não adianta, não perco essa mania de reclamar, hehe), deixo aqui meu mais sincero agradecimento a todos os meus amigos que, independente da forma, da intensidade, do tempo, trouxeram algo para a minha vida, que são responsáveis por uma grande parte do que eu sou hoje. Agradeço pela companhia, parceria, confiança, respeito, paciência, preocupação, desprendimento, pelas vezes que abriram mão de algo em meu favor, que fizeram o que talvez não quisessem só porque eu queria fazer (a mesma coisa com relação a lugares que não queriam ir), assim como pelas vezes em que mantiveram suas opiniões, me convencendo a seguir um caminho diferente; pelos convites inesperados, repentinos, pelos conselhos, pelas “chamadas de atenção”, enfim, toda e cada coisa acrescentada a minha existência desde o momento em que nos tornamos o que somos hoje.

           Para finalizar deixo uma imagem que, pra mim, tem um grande significado. Uma vez me perguntaram o porquê de eu tirar fotos nessa posição, se eu estaria agradecendo a Deus ou coisa parecida. Não, nunca foi essa a minha intenção. O que pretendo sempre que me posiciono dessa forma é dizer algo como “Ei, amigos, vejam como estou feliz! Queria vocês aqui comigo, que coubessem nesse abraço!”. Ou algo do gênero. Sim, pois onde quer que eu vá, tem sempre uma legião que me acompanha. Isso eu garanto.


Feliz 20 de julho. Feliz Dia do Amigo!
 
PS: Usei “amigos” apenas no masculino não por uma questão machista, muito menos por considerar que só tenho amigos homens, por favor. Foi uma mera questão de conveniência ortográfica, digamos.
PS²: Um último agradecimento, mais do que especial, a você que conseguiu ler tudinho e chegou até aqui. Valeu pelo esforço. Hehe. ;-)

sábado, 23 de junho de 2012

O mundo pode, sim, ser um lugar bem interessante

          Sinto pena daqueles que dedicam todo o seu tempo, sua energia, para tentar provar que o seu time é o melhor, que o seu deus é o melhor ou que qualquer coisa sua é melhor que a do outro; daqueles que se importam demais com a vida alheia do que com a sua própria (nem digo no sentido da fofoca, mas sim em parecer aos outros aquilo que não o é); daqueles que se prendem à pessoas das quais não gostam, apenas pela comodidade, preguiça e medo de se inserir em novos ambientes e costumes; daqueles que levam desejos para o túmulo, que carregam frustrações eternas, apenas pelo medo do que "os outros vão pensar". Enquanto toda essas coisas mesquinhas tomam conta de suas realidades, o mundo continua a girar, a vida passa debaixo de seus narizes. O problema é quando percebe-se o tanto que se perdeu, o tanto que não foi vivido, experimentado, apreciado, compartilhado. Tarde demais. Resta a amargura, o arrependimento, o fracasso, a infelicidade.
          
         Não sei como cada um que chegar até aqui vai interpretar o vídeo abaixo. Afinal, como já disse várias outras vezes, existe a tal da idiossincrasia. Pena que muitos que talvez devessem vê-lo, não o farão. 

          Lembre-se: abra-se para o mundo e ele vai se abrir para você. 


terça-feira, 15 de maio de 2012

Buenos Aires - Dia 06

¿Hola, que tal? Bueno, hoje voltei a Puerto Madero - a pé, claro - para conhecer o lugar por completo. Ótima decisão, pois diferente do sábado, hoje tinha muito mais movimento. Existem muitos escritórios administrativos de grandes empresas, então aquilo fica lotado de executivos. Fico imaginando trabalhar por ali; um visual incrível, o trânsito não circula ao redor dos diques, apenas pedestres, então não tem barulho, uma beleza. Pra mim, um dos lugares mais agradáveis de Buenos Aires. Depois de Puerto, subi toda a Av. de Mayo em direção o Congresso Nacional, pois às quatro da tarde teria início uma visita guiada em seu interior - de graça; como o Cwfé Tortoni fica no meio do caminho, pare né?! Antes de entrar no Congresso, me sentei numa mesinha de um café nos arredores. Estava lá eu, bebendo minha Quilmes, na calçada devidamente cercada, com a imponência do Congresso de um lado e a praça em frente, cheia de monumentos, mais as construçôes antigas ao redor da tal praça. Já disse isso, mas vou repetir: ainda não fui à Europa, mas hoje reconheço que Buenos tem uma cara européia que engana bem. Como eu sei se nunca fui? Posso estar errado, mas sempre que me imaginava no Velho Continente, eram imagens como as de hoje que vinham em mente. Enfim, idiossincrasias. Saindo do Congresso, vi um cinema, desses de rua mesmo. Achei tão barato - míseros 8 pesos - que fui. Claro que muita coisa não entendi, mas isso não me impediu de entender o contexto todo e, principalmente, de gostar do filme. Na hora de voltar pra casa, decidi ir por um outro caminho, confiando na memorizada que havia dado no mapa. Claro que dancei. Tá, não fui parar no Uruguai, mas andei umas dez quadras sem precisar... No mais, normal. Até queria escrever esse post com mais detalhes, mas estou CAINDO de sono. É uma delícia. Mas cansa...

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Buenos Aires - Dia 05

Dale. Como todo domingo, hoje foi dia da famosa feira de San Telmo. Como o hostel onde estou é muito bem localizado - graças a dica maravilhosa da minha amiga Fernanda - fui a pé. O massa é que já no começo do caminho, tinham vários vendedores, com todo tipo de artesanato, desde os mais clichês até os mais interessantes e diferentes. A feira em si é é de antigüidades e acontece numa praça chamada Plaza Dorrego; mas não pense que é um antiquário a céu aberto, é um bando de cacareco que chega a ser curioso! Claro que existem os cafés ao redor da praça, pessoas dançando tango, outras barracas de artesanato e tal. Valeu a visita, gostei de passar a manhã por ali. Depois, voltei à Plaza de Mayo e tive uma ótima surpresa: a Casa Rosada estava aberta para visitação, com tour guiado e de graça! LÓGICO que fui! Tudo muito bonito, luxuoso e foi bem bacana entrar na sala onde a presidente Cristina Kirchner despacha, assim como sair na sacada onde Madonna gravou Evita. Em seguida, tava rolando um festival paraguaio na Av. de Mayo, cheio de barracas com comidas típicas, um palco enorme com músicas, danças folclóricas, gostei do bônus cultural! Comprei uns alfajores, muito melhores que os da Havana - não, não levarei desses, pois não tem embalagens e fica impossíve colocar na mochila, sinto muito. Comi empanadas, 'croquetas', choripan e, claro, os deliciosos alfajores. Fui até o Café Tortoni, mas só entrei pra bater fotos, tinha enchido o bucho na festa paraguaia, aí não rolava comer mais. Diziam que o Tortoni era a Colombo de Buenos. Não. Mesmo. A nossa confeitaria dá de duzentos a zero. Tudo bem, é linda por dentro, toda cheia dos detalhes, com aquele ar de aristocracia, mas é pequeneninha... Assim que coloquei ospés na calçada, a bateria da máquina acabou, tive que voltar a contragosto pro hostel. Carregada a dita cuja, voltei pra rua (alguém achou mesmo que e iria aproveitar pra dar uma cochilada? Aham...) e segui caminhando até o Congresso Nacional. A caminhada não é gão extensa, mas só nessa eu vi umas cinco estações de metrô. Achei desnecssário. Anfã - enfim, em francês - cheguei no Congresso e tirei algumas fotos, coisa rápida, pois o mesmo não estava aberto para visitação. Parei tomar minha Quilmes de cada dia - LÓGICO - e voltei pra festa paraguaia. Anda tava rolando uns shows e vi uma apresentação bem interessante, umas paraguaias dançando com garrafas equilibradas na cabeça. Bem interessante. Elas deveriam ensinar certas brasileiras que a dança da garrafa não precisa ter ninguém com o rabo pra lá e pra cá... Na hora de ir jantar, fui nm lugar mais longe do que de costume, um que li num blog. Fui de metrô, mas pra voltar, por causa do horário, tive que pegar busão. Aqui é bem diferente. Primeiro que só são aceitas moedas - fico imaginando o tanto de brasileiro metido a grã-fino porque viajou pra outro país, dando espetàculo nomônibus por não aceitarem notas. Funciona assim: voce entra e diz pro motorista aproximadamente onde vai descer; ele digita um código e você coloca as moedas num aparelho, o qual vai somar as moedas e imprimir uma espécie de recibos. Não tem roleta nem nada. E agora vão me chamar de deslumbrado, de "só porque foi pra Argentina, o Brasil não preta mais", mas ainda assim vou dizer: já pensaram um ónibus desse tipo no Brasil? Sem roleta? Melhor nem falar mais nada... Então, foi isso. Estou caindo de sono. Hasta luego!

sábado, 12 de maio de 2012

Buenos Aires - Dia 04

Hoje fui mais cauteloso e não andei tanto quanto ontem. Fui até o bairro de Puerto Madero, muito recomendado inclusive. Hoje entendi o motivo. Ainda não estive na Europa, por isso o que vou dizer vai soar besteira, mas esse bairro faz jus à fama de Buenos Aires ser a cidade mais europeia da América do Sul. Tudo tão bonito, uma arquitetura diferente, a mistura do novo com antigo, prédios modernos dividindo espaço na paisagem com guindastes imensos, restaurantes flutuantes e árvores que parecem terem sido planejadamente plantadas. Rendeu algumas fotos, mas creio que volto para almoçar, pois me indicaram um lugar que não vi - provavelmente estava fechado, pois fui de manhã. Depois, peguei o metrô de novo e voltei ao Palermo Soho; me recusava a acreditar que era só aquilo que tinha visto ontem. Ainda bem que voltei! Encontrei uma praça muito mais movimentada do que a anterior, com vários bares/cafés e pertinho dos outlets da Av. Córdoba. Já decidi, volto pra cá com muito mais dinheiro. Cada roupa bacana, com um preço maravilhoso! Mas tive que resistir. Senão, daqui a pouco, meu cartão me processa por estupro, de tanto que estou abusando dele - sem poder... Amanhã será dia da famosa Feira de São Telmo. Vamos ver se vale a visita. Até agora estou gostando demais da capital argentina, mesmo com o frio que chegou com tudo e com esse ar seco... Não será com a mesma frequência com que vou ao Rio, mas definitivamente volto pra cá, de preferência no verão e com bem mais dinheiro. Dale!

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Buenos Aires - Dia 03

Conforme dito ontem, andei muito, mas muito mesmo. Meus pés estão com bolha - nota mental: nunca mais usar meias novas com essas botas! - e tenho certeza que assim que tomar banho, desmaio. Mas mesmo assim, foi um dia ótimo, do jeito que eu gosto. Peguei o metrô e fui seguindo o mapa que ganhei da minha amiga Fernanda - perfeito - e vi alguns pontos que tinha vontade. Sim, alguns, pois tem muita coisa pra se fazer aqui. O metrô custa 2,50 Pesos, ou seja, R$ 1,25 - pelo menos alguma coisa realmente barata aqui. Sim, já disse e vou repetir: essa conversa de que, como o Peso vale menos do que o Real, é barato viajar aqui, conversa de pedante que gosta de desmerecer o Brasil. Explico: tomei duas long neck hoje; sabe quanto? 22 pesos CADA UMA. Isso mesmo, cerca de 11 Reais. E quem vier me falar que paguei isso porque fui em lugar turístico, vai levar um passa-fora bonito, pois em vários lugares gira em torno desse preço. E digo ainda mais, em Pipa, onde - teoricamente - também é turístico, a Bohemia custa 4 reais. Vai um argentino lá e bebe quase três com o,preço que paga aqui. Nao achei mercado pra comprar e nao pode entrar com álcool no hostel. Ou seja, vou perder os dois rins, um de tanto trabalhar filtrando a cerveja e outro que vou vender para conseguir mais grana... Não vou esmiuçar meu roteiro, mas basicamente fui ao cemitério da Recoleta - túmulo da Evita - Jardim Japonês, a flor metálica, e subi toda a Sarmiento (Google) ate o Palermo Soho. Fui nesse bairro pois o site do Ricardo Freire disse que era charmoso, com ótimos cafés e bares com mesas na calçada, blá, blá blá. O bar nao aceita cartão, não tinha Quilmes (um absurdo) e, sem brincadeira, fui importunado por umas dez pessoas, vendendo meias (!), DVDs, lenço de papel (oi?), pedindo "monedas" e mais uma porrada de mala. Bem feito pra mim, pois esse site é pra TURISTA e eu caí direitinho. Claro! Eles sequer mencionam o metrô no site, apenas tàxi. Só peguei táxi pra vir do aeroporto até o hostel, pois era bem tarde. Do resto, o tal tour bus, metro (ou Subte, como chamam aqui) e, claro, a pé! Essa é uma das coisas que me fazem gostar de viajar sozinho. Só conheço uma pessoa capaz de fazer a caminhada MONSTRO que fiz hoje; sozinho eu viro na esquina que quiser, fico no mesmo lugar o tempo que quiser, me viro pra tirar as fotos e fico feliz. Porque não tem coisa mais irritante do que aquele que fica "ai que canseira, vamos voltar?". Numa dessas eu empresto um mapa, ensino o caminho e tchau - ou jogo num táxi e que suma. Gosto assim, de fazer no meu tempo, no meu ritmo, no meu gosto. Companhia só é boa se REALMENTE acompanha, ou se é independente, do tipo que se vira sozinho E não fica com cara de merda depois, porque foi embora e não fui junto. Enfim, é isso. Ah, antes que pensem que estou irritado, não estou. Simplesmente escrevi a verdade. Estou é muito do contente por ter desbravado a capital portenha como fiz hoje. Mas ainda falta chão. Até existem alguns passeios organizados pelo hostel, mas não sei... Falando em hostel, aconteceu o que eu previa. Apesar de o lugar estar cheio - boa parte de brasileiros - o povo vem buscando a vida noturna, a qual dizem ser excelente; como esse nunca é o meu foco nos lugares onde vou pela primeira vez, acabo sequer conversando com as pessoas, pois quando chego da rua, estão dormindo e quando vou dormir, eles estão saindo. Não que eu não goste de balada, mas não dá pra fazer tudo, seja pela grana ou pela resistência física. Vim para conhecer Buenos Aires, não pra badalar. Enfim, só pra explicar o porquê de voltar pra casa sem novos amigos e sem ninguém mais nas fotos, hehe. Bom, é isso. O negócio é ir tomar um banho e achar algo decente pra comer. Hasta la vista!

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Buenos Aires - Dia 02

Dele! Hoje amanheceu chovendo... Mas assim que parou, sai desbravar a capital portenha. Meu, esse hostel e muito bem localizado! Andei umas duas quadras e achei o ônibus turístico, parecido com o de Curitiba. Aqui voce paga 90 pesos e pode descer e subir o qunto quiser. Sao 24 paradas. Claro que aproveitei e fui rapidinho para o La Bombonera - estádio do Boca Juniors - e para o famosíssimo Caminito! Fotografei tudo, já gastei um monte e tive uma noção geral das principais áreas de Buenos. Perfeito. Assim amanha já vou para os lugares direto, sem ficar rodando. Tambem vou estrear o metro. Teoricamente e ótimo, pois tem varias linhas e liga quase a cidade toda. Vamos, ver se o serviço presta... Enfim, estou só o pó da rabiola. Melhor dormir logo para poder andar MUITO amanha. Hasta lá vista, boludos! Heh

Buenos Aires - Dia 01

Antes de mais nada, apesar do título, não prometo postar todos os dias. Afinal, não vimos cà pra isso né? Enfim, vamos lá. Nem vou me estender sobre o que rolou antes do até a hora do embarque, pois correu tudo bem. Inclusive, o avião decolou antes da hora. O vôo tambem foi tranquilo - ta, tinha crianças de novo... O serviço de bordo foi bom, bem melhor do que a das brasileiras, mas ainda nao superou o da Taca, quando fiz Lima/Cusco/Lima. An. Sim, levedura bela de uma trollada do cara do check-in. Cheguei cedo e pedi um lugar na janela. Ele me deu - EM CIMA DA ASA. Ou seja, nao vi quase nada. Frustrante... Bem, o vôo chegou antes do previsto, mas... Depois de ter pousado, simplesmente não havia lugar para o avião parar, ficamos um boooom tempo lá dentro. Quando finalmente o desembarque foi autorizado, descemos no meio do pátio, onde os ônibus vem buscar para levar ao saguão. Só que, segundo comandante do avião, são apenas quatro ônibus para TODO o aeroporto! Um vai cheio, deixa o povo e volta buscar os demais. Umas quatro viagens. Acabou? Nada. Aí tem a imigração. Todos que são do Mercosul vão na mesma fila. Claro. Imensa! Pelo menos o oifical carimbou logo meu passaporte e pronto. Mas o pior estava por vir. Chego eu nas esteiras de bagagem. Umas setecentas. Malas girando feito Berenice e nada da minha. Qual esteira? Como saber! Nao tem aqueles monitores indicando a procedência do vôo e os funcionários? Depois brasileiro é que é preguiçoso. Resultado: rodei feio um imbecil até avistar minha mochila SOZINHA numa das esteiras paradas. Um inferno. Pra passar na aduana, uma papagaiada. No Peru foi bem mais "serio". Aqui, da ate vergonha. Passa um monte no raio-x de uma vez só, duvido que vejam tudo. Trocar dinheiro: haviam me indicado uma agencia no saguão do aeroporto. Realmente, a cotação tava boa, mas eles só estavam trocando para argentinos! No fim tive quer ao único banco aberto e me pagaram bem pouco por meus reais... Ai vem a parte que me deixa PUTO. "Porque na Argentina, ta barato para brasileiros, mi mi mi". O cu! Paguei 15 pesos numa garrafa de água! Sabe o que da isso? Cerca de 7 Reais! Baratinho né? Nem em Guarulhos ta esse horror. Saindo do aero para o centro, me senti em São Paulo, muito parecido. Os pedàgios se chamam "peajes" e o nosso Sem Parar e "telepeaje", so que em vez de colado o vidro,o motorista tem tipo um pager que ele "mostra" e a cancela abre. Das duas passagens, abriu só uma... Rs. Trouxe um horror de blusas de frio e só a minha bota, sem tênis. Adivinhem? Igual Sao Paulo. Coloquei blusa soabra a noite. E meu pé ta fervendo... Fui comer super perto do hostel e, claro, já tomei minha Quilmes. Tinha me esquecido como era boa! E aqui eles vendem uma de "3/4", maior que long neck, a qual tem 650 cm cúbicos, hehe. Serio, e isso mesmo. Enfim. To no hostel agora e já já vou dormir. O povo ta saindo agora pra balada, pois aqui começa tudo depois das duas da manha. Estou sem condições hoje. Quero e preciso dormir... Ta bom né? Ah, o texto ta sem formatação, faltando parágrafo e acentos por causa do iPad,ok? Ele tem as suas limitações... Hasta manana!

domingo, 6 de maio de 2012

Divagações praianas

Faz tempo que não posto aqui... Cá estou eu, pela quarta vez, na Praia da Pipa. São tantas coisas que passam pela minha cabeça agora, nem sei por onde começar. Dizem que a vida é feita de sonhos e só tem graça quando você vai atràs deles. Mas como e quando esses sonhos surgem? Foi alguma história que ouvimos? Um filme ao qual assistimos? Ou simplesmente aparecem, assim, do nada? Não sei dizer. O fato é que quando eles surgem, o melhor a se fazer e perseguí-los e fazer o possível para realizá-los. Sejam quais forem, desde que sejam SEUS e de mais ninguém, o certo é fazer com que aconteçam. Há algum tempo comecei a viajar sozinho, coisa que estão carecas de saber. Indo contra o senso comum, descobri ser essa uma atividade que me dà muito prazer. Vou além. Viajar 'solo', mudou a minha vida. Graças a isso, me permiti conhecer um mundo que, se ficasse na segurança da rotina, jamais conheceria. Vi lugares incríveis, vivi experiências marcantes, conheci pessoas inesquecíveis. E graças a esse "vai e vem" estou aqui hoje. Enquanto digito, estou de pernas cruzadas sobre uma mesinha, relaxadíssimo, apreciando ir e vir das ondas do mar e a "morte" diária do sol. Se, há uns bons anos atrás, me dissessem que isso ocorreria, chamaria a pessoa de louca. Mas é real. Estou aqui. Vim pra cá, inicialmente, para um casamento. Sim, me abalei milhares de quilômetros pra isso, pois eu queria e eles valem a pena. E aqui entra a maravilha da coisa. Para alguns, amizades se constróem com o tempo, muito tempo. Pra mim, não. Amizade é isso. Consideração mútua. Dane-se se a gente se conhece desde que nasceu ou desde ontem à noite. Jà vivi o suficiente pra saber isso. Não quero me prolongar no assunto - o que é difícil pra mim - mas o fato é que estou muito feliz com o que conquistei até aqui. Caso morra amanhã, ou fique invàlido (o que seria pior do que morrer), fico com a com a certeza de que valeu a pena escolher o caminho que escolhi. Ainda falta MUITA coisa pra eu fazer, conquistar. Mas, ainda assim, todos os dias me dão a certeza de sucesso. Não pensem que considero o meu estilo de vida o ideal. Longe disso. Jamais serei o dono da verdade. Pelo menos não da absoluta, mas apenas o da minha verdade. Se todos se atreverem a fazer aquilo que desejam - SEJA LÀ O QUE FOR - serão felizes, disso eu tenho certeza. Pena que muitos perdem tempo com formalidades, preocupados com a opinião alheia, com o que "os outros vão dizer". Esses, ao meu ver, desperdiçam suas energias em coisas inúteis. Enfim, cada um é dono do seu nariz e faz aquilo que quiser. O bom seria que todos assumissem sua responsabilidade nisso tudo e parassem de achar que a culpa é do outro. Se sente na merda? Mas o que você fez para sair dela? Será mesmo que a culpa é só do universo? Dos outros? Ou é mais fácil reclamar de tudo do que tomar as rédeas - e a responsabilidade pra você? Não que e tenha uma vida perfeita, ainda tem muita coisa fora do lugar, muitos sonhos a serem realizados. Mas, estou tentando e, aos poucos, conseguindo. Não sei até quando serei capaz de continuar assim. Mas enquanto houver saúde no corpo, dinheiro no bolso e tempo disponível, assim o farei. Não acredito em segunda chance, em reecarnacão. Logo, a hora de ser feliz é agora. Dizem que a única certeza que temos na vida é a morte. Discordo. Além dela, tenho a certeza de nossa realização depende única e exclusivamente de nós mesmos. Atribuir nossas derrotas ao olho gordo, "alguém rogou praga", é covardia. Sejamos nós mesmos a felicidade que queremos. É fácil? Claaaaaaaro que não! Mas impossível também não é. E então? O que você fez por sua felicidade hoje? Sim, pois como bem disse uma grande amiga: "mais valem as pequenas felicidades do que viver eternamente em compasso de espera". Ou algo assim. Ou seja, não espere por um milagre - às vezes não é de um que você precisa. Tchau Pipa! Eu te amo. Volto logo...