sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Último do ano. Último da década.

E lá se vão mais dez anos. Saí dos vinte, cheguei aos trinta. Tanta coisa mudou e aconteceu nesse intervalo de tempo; algumas ruins, tristes, outras tantas ótimas, perfeitas, inacreditáveis... Poderia escrever horas e horas a respeito dos últimos dez anos, mas decidi concentrar tudo num único acontecimento: minha viagem a Fernando de Noronha. Digo isso, pois sem dúvida foi um dos momentos mais marcantes - entre tantos - que vivi entre 2001 e 2010. E como percebi que ano iria terminar sem que eu tivesse postado sobre, agora é a hora de fazê-lo.

Desde que me entendo por gente, sempre vi na televisão, jornais e na net, imagens sobre Noronha, exaltando sua beleza natural, seu aspecto de 'ilha paradisíaca'. Como qualquer pessoa com o mínimo de bom senso, tais imagens, informações, sempre me interessaram, me encantaram e o desejo de estar num lugar daqueles sempre esteve latente. Junte-se a isso o fato de eu ser apaixonado por praia, sol, me sentir extremamente à vontade debaixo d'água e, mais recentemente, ter me tornado um mochileiro convicto.

Comecei a viajar sozinho em 2006 - mais especificamente no mês de setembro daquele ano, fui para Bonito/MS - e a partir dali, quando percebi que viajar sozinho não só é possível, normal, como também divertidíssimo, a possibilidade de ir para a Ilha começou a rondar a minha mente. Claro que, ainda naquela época, tudo não passava de uma vontade, pois considerava tudo muito caro, acesso muito difícil (só fui viajar de avião em 2007) e Noronha meio que se tornou um sonho distante, assim como conhecer Paris.

Os anos foram passando, novas viagens aconteceram, novos lugares, novas ideias, novos rostos, histórias, experiências compartilhadas; então, chega um momento em que você tem que parar de apenas imaginar e decidir se realmente quer realizar aquilo e, se quiser, começar a se mexer para que finalmente saia do campos das ideias e se torne realidade. Claro que não é simples assim, existem fatores (especialmente o financeiro) que dificultam, causam adiamento, mudança de rota... Mas nada que planejamento e persistência não resolvam. E foi isso que eu fiz.

Finalmente, em 2010, realizei esse sonho e coloquei meus pés na Ilha mais famosa do país! E foi tudo aquilo que eu pensava - e mais um pouco!

Natureza exuberante, praias incríveis, tranquilidade absurda... Impossível não se deslumbrar com a possibilidade de se chegar em praias tão lindas a pé - em outros lugares, é preciso caminhar horas por trilhas dificílimas, ou contratar passeios de barco - ou até mesmo de ônibus!

E o visual? Nunca na minha vida a palavra SURREAL foi tão bem aplicada! Eu estava ali, sentindo a areia nos pés, a água batendo nas canelas, ouvindo toda sorte de pássaros e tantos outros bichos mas, ainda assim, parecia que não estava lá. Juro. Eu cheguei a olhar ao redor e repetir pra mim mesmo "mas eu estou aqui, é verdade, existe"; e ao fazer isso, pegar um punhado de areia nas mãos para, sei lá, me certificar - tipo aquele lance do 'me belisca que eu tô sonhando'. Pois é, foi assim.

Maaaaaaaaaaaasssss.... Como eu sempre digo, cada um é cada um e vê as coisas do mundo de uma forma peculiar, particular. A famigerada idiossincrasia. Não quero com isso convencer ninguém de que lá é o Éden, mesmo porque não conheço o mundo todo para afirmar com veemência que Noronha é o melhor lugar do planeta. Para ilustrar, menciono um senhor que puxou papo comigo no aeroporto, dizendo que preferia a Praia do Forte/BA; ou, ainda, outro que disse ter achado a Praia do Sancho (paraíso!!) bonita, mas que as praias de Itacaré, também na Bahia, são melhores. Quando ouvi tais declarações, só fiz arregalar os olhos e ficar boquiaberto. Pensei em 'defender' Noronha, mas logo vi que era desnecessário, afinal, se eles pensam assim, que seja.

A única coisa que eu posso dizer é que, pra MIM, sem dúvida foi o lugar mais belo que já visitei até hoje. Claro que todos os outros tiveram - e tem - seus encantos. Quem me acompanha sabe disso; tive experiências fantásticas em muitos outros pontos do Brasil. Mas, detes outros, muitos eu descobri quando já estava lá, digo, não criei grandes expectativas a respeito justamente para não correr o risco de me decepcionar. Porém, com Noronha foi impossível essa 'não-expectativa', pois como falei no início, ela já existia há muitos anos; tive medo de não ser nada daquilo que esperava? Claro que sim! E acho que foi o fato de ter correspondido - e até superado - meus planos que fez com que voltasse de lá tão feliz.

Nunca antes eu havia me emocionado, a ponto de chorar, com uma imagem, uma paisagem. Pois Noronha fez isso comigo, quando eu ainda estava dentro do avião e a Ilha começou a se descortinar diante dos meus olhos. Foi ali que a ficha caiu, que eu percebi que a época de imaginar tinha chegado ao fim, que, finalmente, eu pude entender o significado do 'sonho que se torna realidade'.

Enfim, tudo isso para dizer que os 'anos 2000' foram de uma felicidade incrível para mim. E hoje, eles chegam ao fim, dando lugar a uma nova década (anos 10?), a novas expectativas, novas experiências, novos destinos, novos rostos, novas histórias; mas também - e isso eu desejo muito - época de reencontros, revisitas, redescobertas.

Que venha 2011! Que venham os anos 10! Que venha a VIDA!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

SÃO MIGUEL DO GOSTOSO/RN

Estive lá entre os dias 23 e 26/11/10. Inicialmente, iria ficar até o dia 30/11, mas decidi voltar antes para Natal, pois a cidade é muito parada...

- Chegando e saindo:

São Miguel fica a cerca de 110 km ao norte de Natal, subindo pela BR-101 até o trevo do município de Touros, caminho para aqueles que estiverem de carro, numa viagem que dura cerca de duas horas. Existem ônibus saindo de Natal, da empresa ‘Expresso Cabral’ – www.expressocabral.com.br – sendo que a viagem dura mais de três horas, pois ele não segue pela BR, mas entra em várias outras cidades antes de chegar lá. Existe, ainda, a possibilidade de se contratar transfer com alguns motoristas – eu fiz isso. Claro que fica mais caro, mas como a opção de horários do ônibus não é muito grande e, pelo horário em que eu chegaria em Natal vindo de Noronha, acabei optando pelo transfer mesmo. Fechei com o Ismael, que foi me encontrar no aeroporto na hora do desembarque e me deixou na porta da pousada. Tel: (84) 9973-3320. 84 9171 1228 / 84 9973 3320 / 11 9135 1187. e-mail: ismateus30@hotmail.com. Paguei R$ 150,00 e gostei do serviço dele. O carro – uma Doblo – estava em ótimas condições, foi bem tranquila a viagem.

Para voltar, os ônibus vem para Natal apenas em três horários; dois bem de manhã e mais um, na parte da tarde (no site tem os horários exatos). São Miguel não tem rodoviária, então os embarques e desembarques são na rua principal da cidade, em frente aos Correios. Eu decidi, de novo, voltar para Natal de transfer, pois foi uma decisão repentina e pelos horários do ônibus, meus planos complicariam. Tentei o Ismael mais uma vez, mas como não atendeu, acabei ligando para outro cara cujo telefone eu tinha anotado no roteiro, o Sandro (84) 9451-8218, (84) 8823-5330, (84) 8104-6605. Esse me cobrou mais barato, R$ 120,00, apareceu na hora combinada e me deixou na rodoviária, como pedi. Também foi tranqüilo, carro em boas condições, e um bom papo, pois ele morou muitos anos em Gostoso e me contou algumas histórias interessantes. Tanto é que, para ir pra Pipa, mais uma vez contratei o Sandro (tá, aqui eu reconheço que não precisaria ter pago R$ 100,00, pois eu já conhecia Pipa e sabia como chegar lá. Mas minha mochila estava bem pesada e, confesso, me dei ao luxo por pura preguiça...).

- O que fazer:

Como disse no início, Gostoso é muito parada. A cidade é muito procurada pelos praticantes de wind/kitesurf, pois realmente venta muito lá. Dizem que nas temporadas – carnaval, fim de ano – a cidade recebe muita gente e fica movimentada, interessante. Como eu fui na baixa temporada, não vi movimento algum. Aliás, parecia que o único turista era eu, os demais eram todos os esportistas. São Miguel é a típica cidade do interior: pequena, pacata, com as pessoas jogando dominó na sombra da árvore, as senhoras fazendo renda na varanda de casa, tudo num ritmo bem peculiar. Para que procura descanso total, pode ser uma boa opção; eu tenho uma tendência a gostar de lugares mais tranquilos, mas até pra mim a tranquilidade de Gostoso foi demais. Isso não signifique que eu não recomende – pelo contrário – mas eu acho que é mais um lugar para se visitar de carro, vindo de Natal ou passar, no máximo, umas duas noites. Mas, como sempre digo, cada um é cada um. Tem pessoas – especialmente estrangeiros – que gostaram tanto que ficaram lá de vez.

- Praias:

As principais praias de São Miguel – Ponta do Santo Cristo, Cardeiro, Xepa e Maceió, todas acessíveis a pé. O vento é forte e constante, por isso não existem barracas a beira-mar, os lugares onde se pode comer/beber alguma coisa ficam a vários metros de distância. O banho de mar não é ruim, pois mesmo com tanto vento as ondas não são fortes. Na Ponta do S. Cristo é onde estão concentrados os praticantes do kite/wind. Eu caminhei para além dessa praia, bem pra frente, num trecho onde não havia ninguém (e confesso que não sei o nome desse lugar), mas para chegar até o Farol do Calcanhar pela praia, tem que muito mais disposição, pois é longe, bem longe. Todo esse trecho era só mar, areia, vento; uma paisagem linda, é verdade, e uma tranqüilidade absurda; muito bom para colocar a cabeça em ordem, dar uma bela ‘pisada no freio’.

No dia seguinte, saindo da Xepa, eu caminheiro pelo lado esquerdo, passando pela praia de Maceió, seguindo rumo a Tourinhos. Andei por cerca de duas horas, mas a maré estava subindo, o que sempre torna a caminhada mais cansativa e eu cheguei a um ponto com muitas pedras, achei melhor retornar. Só depois fui saber que tinha chegado muito, mas muito próximo a Tourinhos. Como não poderia deixar de ser, esse trecho também é muito deserto e venta um pouco menos do que a outra ponta – tanto é que ninguém vem praticar kitesurf ali. É tão sossegado que, ao voltar para a praia principal, eu vi um casal fazendo naturismo na praia. Isso mesmo, sem roupa. Passei muito próximo de ambos e eles continuaram no mesmo lugar. Pois é, São Miguel do Gostoso, às vezes, parece que está em outra dimensão...

A praia de Tourinhos fica a uns 08 km do centro de Gostoso (pela praia dizem ser apenas 04) e vale a pena ser visitada. Linda! Um mar tranquilo, clarinho, com um visual marcante e, claro, quando estive lá era praticamente deserta. Apenas alguns pescadores apareceram, mas só; caminhei um longo trecho sozinho. Passei o dia todo lá, andando, tomando banho de mar, sol; o único lugar para se comer e beber é um barzinho bem próximo à falésia (marca registrada de Tourinhos essa falésia), chamado Tartuga, de propriedade de um italiano. Eu fui pra lá de moto-táxi, que é um meio bastante útil de transporte por lá (e o uso de capacete não existe), e o cara me cobrou R$ 20 para me levar até lá e depois ir me buscar na hora combinada.

- Farol do Calcanhar, início da BR-101:

Antes de ir pra lá, eu já sabia que em Touros fica o marco zero da BR-101, a maior rodovia do país. Então, uma vez em Gostoso, fiz questão de ir até lá. Contratei moto-táxi (Tiago, 9195-4578 / 3263-4177) porque é bem longe pra se ir a pé. Paguei R$ 15,00, só ida. Cheguei até a entrada do Farol do Calcanhar, mas como é propriedade da Marinha, estava fechado – abre apenas aos domingos, no período da tarde. Pelo menos foi possível tirar umas fotos do lugar, das placas. Visualmente, pode não ser tão impressionante, mas o que o local representa, pra mim, é bem interessante. Apesar de no mesmo local do Farol existir uma placa indicando ali como marco zero da BR, caminhando de volta pela estrada de chão, se chega num trecho onde o asfalto começa repentinamente e é ali, eu acho, que oficialmente deve começar a rodovia – tem várias placas do DER dizendo isso. Pra mim, foi bastante curioso poder estar e fotografar a placa de ‘BR-101, KM 0’. Eu acho que vale a pena, sim, visitar esse lugar, ainda que de moto-táxi; já que se chegou tão perto, pra que deixar passar a oportunidade? Pra voltar pra Gostoso, eu tinha decidido caminhar até a rotatória de Touros para pedir carona ali – cerca de 03 km de distância; porém, tive sorte, e um buggeiro parou e me deu carona, logo que comecei a caminhar! E, melhor ainda, ele voltou pra Gostoso pela praia. Simpatia nordestina é isso aí. *Achei o cartão do buggueiro: Anchieta, 9413-4512 / 3263-4002.

- Onde comer:

Pelo menos nesse quesito, reconheço que tive boas experiências em Gostoso, cada dia comi em um lugar diferente. Tais lugares, ou ficam na rua principal, ou em uma das ruas que descem para as praias – tem várias placas indicando e todo mundo sabe onde fica.

'Nossa Maloca’ – um macarrão muito bom! Sim, macarrão, pois chega uma hora que peixe e camarão deixam de ser novidade... Mas o preço não era muito convidativo, ainda mais sozinho. Um prato de espaguete ao sugo, uma coca lata e mais duas long necks: R$ 30,25.

‘Espaço Mix’ – aqui as opções eram limitadas, ou pizza, ou batata assada. Comi a batata, com carne de sol (lógico) e gostei bastante. Também tomei um mojito ali, valeu o pedido. Batata assada, um mojito e um refri: R$ 35,75.

‘Casa da Sopa’ – na rua principal, uma portinha bem pequena, com algumas mesas na calçada. Simples, mas muito bom. Comi batata assada também, veio uma boa quantidade, bem recheada e um preço bem mais acessível do que os anteriores. Batata assada e um refri: R$ 13,20.

‘Hibiscus’ – fica mais afastado da rua principal, perto da pousada onde fiquei hospedado. Experimentei um filé mignon com arroz com espinafre. Caro, saboroso, mas não me caiu bem não... O local é agradável – acredito que na alta temporada deva lotar – mas foi um luxo desnecessário, poderia ter comido em outro lugar. Prato, um mojito e uma coca lata: R$ 47,85.

‘Bar de Dedé de Tico’ – Demorei pra achar o lugar, mas como me foi muito recomendado, insisti. Não é visível da praia, pois fica atrás do ‘Skina’ bar, esse você vê da praia, tem umas bandeiras brancas. Eu cheguei até ‘Dedé’ pela rua principal, descendo a perpendicular no acesso da praia do Cardeiro; fica ao lado de uma escola de kitesurf. Comi caldo de arraia e de camarão. Uma delícia! E não achei caro não. Valeu a pena a indicação e a procura. Dois caldos e uma cerveja 600 ml: R$ 14,50.

‘Casa de Taipa’ – Esse é o restaurante que fica na pousada onde me hospedei e onde ironicamente não comi. Porém, se regular pela qualidade do café da manhã, a comida deve ser muito boa. Mas como não experimentei, melhor não opinar.

- Pousada Casa de Taipa: www.pousadacasadetaipa.com.br

Depois de muito pesquisar na net, foi a pousada com o preço mais acessível que encontrei e também gostei do que vi pelo site. Foram bastante atenciosos pelo telefone e por e-mail e, pelo fato de reservar com meses de antecedência, consegui um quarto só pra mim por R$ 80,00. Quando cheguei lá, o preço já havia subido bastante. O lugar é incrível, muito bom mesmo. Ainda mais depois da pousadinha que tinha arranjado em Noronha, chegar ali foi como chegar num resort. Tudo muito bem organizado, limpo, novo; quarto com ar, tv de LCD, frigobar (pra você abastecer), um chuveiro ótimo, um cama de casal, mais uma de solteiro, um colchão confortável... Aliás, é tudo tão bem cuidado, que dá até medo de desarrumar a cama pra dormir, hehe. Depois de quinze dias viajando, ali foi o lugar onde eu pude realmente descansar e retomar o fôlego totalmente. Isso sem falar na piscina, no deck onde se pode subir para ver o pôr-do-sol e o café da manhã, que é muito bem servido, muito bem preparado, excelente! Pois é, a Casa de Taipa foi uma das melhores coisas que me aconteceram em Gostoso. Ela não fica assim tão próxima da praia, mas num lugar daquele, de férias, a gente nem percebe a caminhada...

- Demais informações:

- Em Gostoso, dizem, só pega celular da Claro. O meu é, logo, não posso dizer se não pega outra operadora...

- A internet lá é bem mais barata que em Noronha (assim como tudo nesse país), paguei R$ 2,00 a hora e a velocidade não desagrada. Tem uma lan no caminho da pousada e outra na rua principal.

- Eu cheguei precisando de uma lavanderia e acabei encontrando. Reconheço que minhas roupas estavam bem judiadas (pense numa mistura de suor, protetor solar e poeira. Isso mesmo, por incrível que pareça, as estradas não asfaltadas de Noronha soltam um pó vermelho absurdo), mas acho que o serviço poderia ser mais caprichado. Tive a impressão de que apenas jogaram as roupas na água. Pois sequer as manchas de poeira saíram. Se puder, evite. A lavanderia se chama ‘I-Jefferson’ (isso mesmo, você não leu errado) e eles cobram por peça, não por peso. Paga-se adiantado, mas eles entregam na pousada.

- Eu procurei, mas não encontrei em nenhum lugar lembranças para comprar, tipo imãs, chaveiros. Na única loja que achei, só tinha peças de artesanato caríssimas, ou itens que não tinham a identificação da cidade – então, pra que comprá-los?

- Eu usei cartão apenas em um mercado, nos demais lugares tudo em dinheiro. Tem um caixa eletrônico do Banco do Brasil, outro do Bradesco, e uma casa lotérica.

Acho que é tudo. Lembrando sempre que tudo o que foi escrito reflete apenas a MINHA opinião. Como não sou guia turístico e faço esses relatos por puro prazer, não tenho a obrigação de adaptar minhas palavras a essa ou àquela opinião. Certamente, pessoas lá já estiveram discordarão de vários pontos; os que ainda vão, podem voltar também com uma visão totalmente diferente. É assim, cada um com seu cada um. Certo?

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

SOZINHO EM FERNANDO DE NORONHA

Estive na Ilha entre os dias 16/11 a 22/11/10. Claro que muita coisa pode ter mudado desde então, o clima vai ser diferente em outros meses do ano, logo espero que as informações abaixo sirvam para uma noção mais básica, e não como uma ‘cartilha’ que deve ser seguida à risca. Outro ponto importante: eu fiquei extremamente maravilhado com tudo que vi e vivi lá, então todo o relato terá uma boa dose de empolgação. Alguém que já tenha conhecido outros pontos do planeta ou que tenha um gosto para praias diferente do meu, pode ir pra lá e não achar TUDO isso que eu achei. Enfim, é uma questão de gosto, e isso é muito particular. O que é bom pra mim pode ser mais ou menos pra você; ou vice-versa. Outra coisa: fiz toda a viagem sozinho, sem intermédio de agência, receptivo, nada disso. Logo, os que vão com agência não terão que se preocupar com tantos detalhes; mas não tenho certeza se terão a mesma liberdade de escolha que eu tive. Pra finalizar, tudo aqui reflete a MINHA opinião; não tenho a menor intenção em ser imparcial ou me abster de elogiar/criticar o que quer que seja. Já digo isso porque pode ser que no meio do texto eu solte algumas considerações não tão, digamos, satisfatórias. Enfim, quem se sentir desconfortável com meu ponto de vista, tem todo o direito de não ler mais nada. Pra fechar, Noronha é a Meca do turismo de lua-de-mel – e eu pude comprovar isso – então, mais um motivo pra compartilhar tudo isso. Afinal, eu sei o quanto é difícil achar informações sobre uma viagem sozinho pra lá. E vamos ao que interessa:

- Antes de ir:

Além da reserva de pousada, é muito aconselhável recolher a taxa de preservação ambiental cobrada pelo governo de PE antecipadamente, pela internet. Isso evita a perda de um precioso tempo na fila para tal fim no aeroporto de Noronha. Basta acessar www.noronha.pe.gov.br, localizar o link da Taxa de Preservação, seguir as orientações do preenchimento, imprimir o boleto e pagar em qualquer banco. Cada pessoa tem que preencher o seu, não importa se é um casal ou uma família, recolher a sua taxa (parece que crianças pagam menos) e apresentar na chegada. Recomendo fazer isso com a pousada já reservada (pois no preenchimento da guia da taxa eles pedem o nome da pousada) e pelo menos uns dois dias antes da viagem, pra que haja tempo na compensação do pagamento. Alguns receptivos dão a opção de reservar e pagar os passeios antes mesmo de se chegar na Ilha. Mais abaixo colocarei os valores que paguei dos passeios. Até pode rolar um desconto nessa reserva antecipada, mas eu preferi deixar pra contratar lá mesmo; como era a primeira vez, achei que seria interessante dar uma pesquisada, conversar com outros turistas que tivessem usado essa ou aquela agência (o que acabei não fazendo, haha)...

- Chegando em Noronha:

Claro que o meio mais óbvio é de avião – a não ser que você esteja num cruzeiro ou consiga uma ‘carona’ num das embarcações da Marinha... – e os vôos saem apenas de Natal ou do Recife. Natal é mais rápido mas, durante minhas pesquisas, achei que por Recife sai mais barato. Fui por Natal mesmo, pois seria meu primeiro destino nas férias já que não conhecia, ainda que tenha sido mais caro.

A Gol tem vôos saindo apenas do Recife e é ela que tem os melhores preços – nunca caia na loucura de comprar vôo direto de SP/Noronha; ‘quebre’ o vôo, primeiro SP/Recife e depois Recife/Noronha. Fica bem mais barato. A TAM talvez também tenha saídas do Recife, mas confesso que não pesquisei muito sobre. Já saindo de Natal, quem leva é a TAM e a Trip. Optei pela segunda por ser mais barata; comprei as passagens no mês de agosto/2010 e paguei, ida e volta, R$ 681,00 em três vezes no crédito. O avião da Trip é bem menor do que as convencionais, mas é bem tranqüilo, serviço de bordo na média do normal, aeronave com aspecto de novinha, gostei. A viagem dura cerca de uma hora, mas é sempre bom lembrar que Noronha está a um fuso a frente do resto do país e por isso conferir os horários no cartão de embarque pode gerar alguma confusão, nada grave.

Saindo do aeroporto, pode se pegar algum táxi ou o ônibus (falo dele mais tarde). A pousada com que fechei disse que iria me buscar no aero, mas aí enrolaram e acabei indo de ônibus. Pelo menos ele parou na porta – literalmente – da pousada.

- O que levar:

Repelente (especialmente na Praia do Cachorro), protetor solar (usa-se muito), máscara e snorkel (imprescindíveis!! Já pé de pato, se tiver leve. Senão pode alugar lá. Colete, só pra quem não sabe nadar...). Roupas leves, calçados idem. Para trilhas eu prefiro papete, pois levo apenas um par de tênis e não posso molhar. E eu, particularmente, acho o fim da picada levar jogo de frescobol, guarda-sol e cadeiras (acredite, vi pessoas com isso). Muita frescura – se me permitem a sinceridade.

Também é importante ter sempre na mochila água e alguma coisa pra enganar o estômago. Mas a água é essencial, porque se transpira muito, o sol é forte e nem todas as praias tem barraca vendendo – isso sem contar que sai mais em conta comprar no mercado do que na praia. Lembre-se: não saia da pousada sem água!!

Vários estabelecimentos na ilha aceitam cartão – Visa e Master se igualaram em aceitação, na minha opinião – mas é bom ter grana viva e, se possível, em notas não tão altas. Só vi dois caixas eletrônicos em Noronha, ambos 24 horas, um no aeroporto e outro na agência do Banco Real (Santander) no centro administrativo da Ilha. Mas nunca se sabe quando vai acabar a grana nos caixas ou eles vão dar problema... Eu levei mil reais em grana, paguei todos os passeios em dinheiro, usei cartão nos restaurantes e lojas de souvenir, e acabei voltando com alguma coisa pro continente, sem precisar do caixa eletrônico.

- O que fazer:

Como a maioria dos vôos chega logo após o almoço, logo depois de deixar as coisas na pousada já dá pra dar uma volta pela Vila dos Remédios (parte histórica) e pelas praias centrais (Cachorro, Meio e Conceição). Além de fazer isso, eu já aproveitei para reservar todos os passeios que queria fazer e assim ficar livre dessa parte. As praias centrais são facilmente acessíveis a pé, só descer as ladeiras e seguir as placas. Depois que anoiteceu, o lance é jantar e ficar de boa até dar sono, pra poder acordar cedo e começar a ‘paulera’, porque Noronha exige uma certa disposição física, acredite. E eu também acho uma burrice ficar acordado até tarde, bebendo todas por exemplo, num lugar como aquele, tão caro e com tanta coisa linda pra se ver. A farra tem que ficar no continente mesmo; a não ser que a pessoa tenha resistência de Sísifo ou ainda, não se importe de jogar dinheiro fora.

- Onde ficar:

As vilas de Noronha são, dos Remédios, do Trinta, Floresta Nova e Floresta Velha. Existem outras, mas eu achei mais afastadas, o que não é interessante em termos de hospedagem. Eu fiquei na Vila do Trinta e gostei da localização, dá pra fazer muita coisa a pé.

Noronha tem muitas pousadas, para os mais diversos gostos e bolsos. Existem as de alto padrão – que custam alguns milhares de reais a diária – até as mais simples, chamadas de domiciliares. Nestas, na maioria das vezes, as famílias moram no local e tem alguns quartos para alugar e foi numa dessas que eu fiquei. Eu fechei seis noites na Pousada da Janda, por R$ 480,00; mas o cara com quem negociei – Jean Carlos – só me disse que garantia esse preço se eu pagasse tudo adiantado (o contato com ele foi em agosto, três meses antes). Paguei, para garantir. Como disse no início, ele havia me garantido – inclusive o site continha essa informação – que haveria traslado até a pousada. Quando cheguei, não estava lá. Liguei em um dos vários telefones e a moça que atendeu (babá dos filhos da dona da pousada) me disse que ele não estava lá, mas que a Alessandra estava no aeroporto. Achei a tal Alessandra, mas ela falou que eu deveria pegar táxi ou ônibus, pq o carro que iriam me buscar estava em passeio e que, na verdade, esse traslado era apenas uma cortesia, ou seja, truque. Bom, acabei indo de busão mesmo, ainda que estivesse com uma mochila imensa. Só não foi pior porque o trajeto não é longo e o ônibus parou na frente da pousada. Não faço conta nenhuma de andar de ônibus, só acho desnecessário a pessoa vender uma coisa que não fornece. Se me avisasse desde o primeiro contato, eu não poderia reclamar, certo?

Bem, além desse ‘desencontro’, a pousada ao menos serviu para o essencial: dormir, tomar banho e deixar minhas coisas. O quarto era bem pequeno, apenas uma cama de solteiro, sem armários, mas com ar-condicionado, frigobar para você abastecer e banheiro dentro (como água em Noronha é sempre uma questão delicada, não espere chuveiros com alta pressão e água em abundância...). Uma coisa há de se destacar: a tranquilidade do lugar. Mesmo trancando a porta do quarto, a chave ficava pendurada num chaveiro atrás da porta, a qual ficava aberta o dia inteiro e nem portão a pousada tem. Não tive qualquer problema com relação a isso. Ah sim, mais uma queixa com relação à pousada: me foi dito que todos os dias o quarto seria limpo, pela manhã. Só o fizeram no primeiro dia, depois não mais. Eu tive que tirar lixo do banheiro e até comprar papel higiênico (tá, eu poderia pedir, mas achei desaforo...). Tem ainda o café da manhã, que é incluído na diária. Péssimo. Nunca fui de luxo – afinal sempre me hospedo em hostels/albergues Brasil afora – mas uma coisa é ser simples, outra é servir coisa de péssima qualidade. Tinham umas fatias de bolo que só Deus sabe quanto tempo estavam naquela bandeja. Duras feito pau! Só tomava café com leite e pão com margarina... Resumo? Se um dia voltar pra lá, Janda nunca mais. Também não recomendo. Certeza que existem outras pousadas domiciliares pelo mesmo preço e mais bem acolhedoras.

- Passeios:

Assim que eu cheguei, a dona da pousada da Janda, Alessandra, me ofereceu os passeios, pois ela tem uma agência também, a ‘Central Noronha de Passeios’ – acho que é isso. De início, achei interessante poder fechar tudo no mesmo lugar, assim ganhava no preço e não teria a trabalheira de ficar fazendo cotação de agência em agência. Bem... Na descrição dos passeios eu entro em detalhes.

Caminhada histórica: vários sites anunciam esses passeios, mas eu confesso que não vi ninguém fazendo. Afinal, dá pra você conhecer tudo a pé mesmo, a presença do guia só se faz necessária se você faz questão de saber os detalhes históricos – a maioria dos lugares, construções, tem placas auto-explicativas, com um resumo da história – logo, eu achei suficiente fazer por conta mesmo, sem contratar guia ou agência. E, claro, tem que subir até a Fortaleza dos Remédios, pois o visual é fantástico. A qualquer hora do dia, mas na hora do pôr-do-sol, obrigatório!

Ilhatur: Esse passeio eu recomendo muito! O ideal mesmo é agendar para fazer logo no primeiro dia na ilha. Você sai de manhã com o guia, passa para alugar equipamento (se necessário) e começa a visitar todas as praias da ilha. Isso ajuda muito, pois você já tem um panorama do local e pode escolher seu ponto preferido, assim, caso tenha um dia livre, pode voltar pra onde quiser sem precisar de passeio ou guia e curtir o dia todo. Eu paguei R$ 65,00 nesse passeio, o guia que nos levou foi o Natal e foi bacana. Não me recordo totalmente, mas a seqüência visitada foi: Sancho, Sueste, Leão, Porto, Enseada dos Tubarões, Buraco da Raquel, Museu do Tubarão, Boldró, Cacimba do Padre, Baía dos Porcos, terminando com o pôr-do-sol no mirante do Boldró. A parada para almoço foi no restaurante do ‘Biu’; R$ 26,00 para comer à vontade, bebidas à parte. Muito boa a comida, mas existem mais baratos... Com relação a aluguel de equipamento, nesse passeio é obrigatório alugar colete e pé de pato (se você não levou nada, alugue até máscara e snorkel, claro), pois na Baía do Sueste, são exigidos pelo Ibama por ser um local de preservação, com fundo de corais, logo o colete não deixa você tocar no fundo e o pé de pato ajuda a nadar, porque para ver as tartarugas se vai longe, o local tem uma certa corrente e sem as nadadeiras, pode cansar.

Praia do Leão e Buraco da Raquel são locais para contemplação e fotos, pois a do Leão, segundo o guia, é muito perigosa por pertencer ao mar de fora e ter vários pontos com corrente fortíssima – ainda segundo ele, vários morreram afogados nessa praia. Mas o visual é lindo. O Buraco vale mais pelas lendas que o cercam e pela proximidade do museu do Tubarão, que vale uma visita.

Nas proximidades da Praia do Porto – onde dá pra ir de busão, ou até mesmo a pé e fazer snorkel pra ver o naufrágio – está a igrejinha de São Pedro e, logo abaixo, ponta da Air France e a Enseada dos Tubarões, todos pontos para contemplação e fotos. Na Enseada, com maré alta, dá pra ver os tubarões lá embaixo, bem interessante.

Praia do Boldró foi uma parada rápida para banho e logo depois fomos para Cacimba do Padre, a qual eu acho que a mais extensa da Ilha, e de onde tem uma trilha curta para a do Cachorro – aqui, chega-se muito próximo do Dois Irmãos, momento alto do passeio pra mim, pois o lugar sempre representou Noronha, onde quer que eu visse os morros.

Não vou descrever todas as praias detalhadamente, primeiro porque todas são lindas, merecem ser visitadas e nenhuma descrição vai substituir uma visita; segundo porque isso renderia páginas e páginas... Vou falar apenas da Baía do Sancho, pois essa merece todas as descrições e elogios possíveis.

Areia fina, limpíssima, águas calmas, mornas e transparentes. Chegar na praia do Sancho, pra mim, foi como entrar na televisão, na revista, num site da internet, pois até então era só nesses lugares que eu havia visto um lugar como aquele. Sério, fiquei hipnotizado. Primeiro estive lá durante o Ilhatur, onde fiz snorkel (fantástico), voltei com o passeio de barco – e a visão da praia se descortinando para você, vista do mar, marcante – e, finalmente, no meu último dia livre, voltei pra lá de busão e fiquei curtindo o visual até quando deu e, ao me despedir do lugar, observando o Dois Irmãos lá do alto, já me deu saudade antes mesmo de sair dali. Enfim, pra mim, estar na Praia do Sancho foi uma realização enorme. Existem lugares melhores? Se sim, ainda não os conheço (teve um cara que disse que as praias de Itacaré são melhores). Só não tive um ataque de riso porque, afinal, cada um é livre para achar o que quiser, de onde quiser. Mas que eu achei um absurdo tal comparação, isso eu achei...

Trilha do Atalaia: São duas modalidades, a longa e a curta. A curta é obrigatória, porque é a que leva até a piscina natural – não me lembro o preço. Já a longa, depois de visitar a piscina, caminha-se por cerca de duas horas margeando o mar de fora, numa paisagem fantástica! E não achei tão cansativo não, achei que seria bem mais difícil. Confesso que não me recordo, mas acredito ter pagado R$ 70,00 pela trilha longa.

O passeio consistiu no seguinte: o mesmo guia do dia anterior, o Natal, pegou o pessoal na pousada e nos deixou no início da trilha, com a guia da trilha. Descemos por uma trilha bem tranquila, acredito que menos de meia hora de caminhada, até chegarmos à praia do Atalaia. Olha, a do Sancho é linda, mas essa também tem um visual... Linda demais! As agências informam o número de pessoas e aí o Ibama agenda os horários para cada turma. O nosso era as 10:30. A entrada na água para snorkel é controlada por um fiscal do Ibama, cerca de meia hora por grupo, sempre com a maré baixa. Lugar bem rasinho, com grande variedade de peixes e outros animais, vale muito a pena visitar Atalaia, sem dúvida! Terminado o tempo, os da trilha curta voltam para o ponto inicial para retornar às pousadas, Já eu, a guia, mais um outro cara, seguimos para a longa. Nas palavras da própria guia, como já sabiam de antemão que faríamos a longa, eles deveriam ter nos encaixado nos primeiros grupos da manhã, pois assim, durante a trilha longa, poderíamos ainda pegar maré baixa e curtir piscinas que se formam no mar de fora – coisa que foi impossível, pois, dado o adiantado da hora, a maré já estava subindo, o que tornava arriscado entrar na água naquele momento. Então esse é um ponto a ser observado ao contratar esse passeio, ter certeza de que a trilha longa será feita durante a maré baixa!

A trilha termina próximo do Buraco da Raquel e, teoricamente, o guia da agência iria nos buscar. Ficamos aguardando num restaurante ali no Porto, a guia ligou, ligou, e nada. Aí ela chamou um táxi pra gente e se virou pra pagar. É, o Natal foi gente fina só no primeiro passeio. Mas valeu a pena. Se voltar a Noronha, faço Atalaia de novo, certeza – na maré baixa, claro...

Batismo de Mergulho: Esse foi peculiar... Bom, paguei R$ 240,00 e fiz com a Noronha Divers. Apesar de ser um barco mais simples do que o da Atlantis, gostei demais da equipe. Atenciosos, acostumados com novatos feito eu, passaram grande segurança, enfim, super profissionais. Estávamos em dois casais, eu fui na segunda dupla. Enquanto a primeira estava debaixo d’água, deu pra cair no mar e ficar curtindo o mar com máscara, cerca de oito metros de profundidade, mas com corrente fraca, bem divertido. Porém, como nem tudo é perfeito, o povo da Noronha deu uma mancada. Eu estava na água, sem pé de pato, e procurava não me afastar do barco; só que eu certo momento eu percebi que nadava, nadava, mas não me aproximava. Os caras estavam saindo com o barco! Tive que me agarrar na corda da âncora e me ‘içar’ de volta. Nem reclamei porque não tava a fim de confusão, mas foi uma pisada legal comigo.

Disse no início que foi peculiar pelo seguinte: existe toda uma técnica para mergulhar, especialmente por causa da pressão debaixo d’água, onde você tem que fazer pressão como se fosse soltar ar pelos ouvidos para compensar, mas pra mim não foi tão fácil quanto pareceu. Senti muita dor nos ouvidos, demorei para conseguir estabilizar e, ao sair da água e tirar a máscara, percebi que meu nariz havia sangrado; ‘culpa’ minha, pois tenho veia superficial e, com a pressão da água, mais o movimento constante de pressionar o nariz para a compensação, deveria ter previsto que isso aconteceria. Fora isso, foi uma experiência bem bacana. Estar submerso a tantos metros possibilita um visual único, ainda mais em Noronha, que tem uma diversidade enorme de vida marinha. Eu, particularmente, sei que jamais farei novamente pelos problemas que descrevi; mas eu ainda acho que todos que vão a Noronha deveriam fazer sim; não é porque pra mim não foi bom que vou condenar e não recomendar a todos. Pelo contrário, se for possível, faça!

Junto, no barco, foi uma moça que trabalha na Ciliares fazendo filmagens debaixo da água, sendo que o DVD saiu por R$ 140,00. Como todo novato que se preze, comprei o dito cujo, mas me arrependi. Como fiquei uma boa parte do tempo preocupado com a compensação, na maior parte das imagens eu apareço reclamando de dor no ouvido ou pressionando o nariz para a compensação. A cinegrafista até que tentou, mas reconheço que não colaborei muito... Além das imagens do mergulho, eles acrescentam fotos da Ilha e imagens de outros mergulhadores – profissionais, claro. Se você achar que saiu bem nas imagens, até compre; mas por esse preço, tem que valer muito a pena!

Sobre a máquina subaquática: eu aluguei com a Alessandra, por R$ 50,00 a diária e levei durante o mergulho. Bobagem, mais uma grana usada sem necessidade. Não é tão fácil quanto parece usar – bem – a máquina debaixo d’água. Primeiro porque acabei ficando mais preocupado em fotografar do que em admirar o visual e segundo porque não é tão fácil visualizar as imagens no visor da máquina, com máscara, debaixo d’água. Resultado, aproveitei pouquíssimas fotos. Tem gente que aluga essa máquina para fazer snorkel; como eu levei minha bolsa estanque, não precisei da sub, pois a bolsa faz o serviço direitinho. Só não me vá comprar uma estanque e levar pro mergulho! Aí ela não aguenta...

Passeio de Barco: Mais um ‘entrevero’... Inicialmente, eu tinha fechado com a Alessandra esse passeio, por R$ 65,00, pra fazer na parte da manhã do mesmo dia do mergulho. Mas aí ela veio com um papo de que o barco estava em manutenção, que, como eu iria embora na segunda-feira, poderia fazer naquele dia antes de ir pro aeroporto. Cismei. Já tinham me dito que o barco deles não era assim grande coisa. Isso sem contar que esse preço era apenas para o passeio, sem almoço, sem plana-sub (que eu queria fazer). Ela ainda tentou desmerecer o passeio de outras empresas, dizendo que o plana-sub dela é melhor (sim, eles fazem, mas separado do barco, para cobrar mais...) pois duraria uma hora enquanto os outros eram apenas vinte minutos. Foi aí que ela pecou. Quando alguém quer mostrar competência não por mostrar eficiência ou qualidade, mas denegrindo o serviço alheio, me perde como cliente na hora. Por mais que sejam concorrentes, isso não justifica falta de ética. Exagero da minha parte? Que seja... Além disso, jamais que eu iria aceitar fazer passeio na segunda de manhã, pra sair correndo pra pousada pegar mochila e ir pro aeroporto. Decidi então cancelar meu passeio com ela e fechar em outra agência. Ela não fez uma cara muito feliz – e eu tive que pedir duas vezes pelo dinheiro de volta – mas acabou concordando, pois meu argumento de que seria muito corrido na segunda-feira não deixava outra escolha. E eu particularmente acho que esse barco não estaria pronto nem na segunda-feira...

Então decidi fechar o barco completo com a Blue Marlin. Paguei R$ 120,00, mas foi passeio de manhã até o começo da tarde (das 09:00 às 14:00), fazendo ponta a ponta da ilha, pelo mar de dentro (ver as praias do ponto de vista do mar, vale a pena). Também fizemos meia hora de planasub – placa de acrílico onde você se segura e o barco puxa, enquanto você observa o visual debaixo d’água, inclusive o naufrágio! Super tranquilo, qualquer pessoa pode fazer, mesmo que seja com colete pra quem tem mais medo de água, totalmente possível. Depois do plana, o barco vai até a baía dos golfinhos (eles nadam muito perto do barco) e para pro almoço onde? No Sancho! Nem preciso dizer que curti demais, né? Enquanto eles aprontam tudo – os próprios marinheiros cozinham – pulamos na água para fazer snorkel e ir até a areia se quisesse, enfim, curtir a praia. Foi bem legal, o almoço estava ótimo, muito melhor ter feito esse passeio do que esperar aquele outro...

Só um detalhe. Fechei o passeio na agência, mas teria que pagar pra uma senhora num restaurante perto do porto. Depois de pago, ela me deu um cartão para embarcar; confesso que nem reparei que tinha o nome da embarcação no tal cartão. Estava esperando para embarcar e o pessoal chamando por agência, ninguém chamava a minha, chamaram pelo barco... Quase fiquei para trás! Percebi que estava ficando sozinho e aí vi que aquele era meu barco. Pode parecer lerdeza da minha parte, mas como eu disse, eu estava esperando chamarem pelo nome da agência, não pelo nome do barco. Enfim...

Bom, foram esses os passeios que eu fiz. Existe ainda o da observação dos golfinhos no mirante. Mas tem que levantar muito cedo, a distância do ponto de observação é muito alta, não quis fazer. Logo, não sei o preço.

- Projeto Tamar:

Todos os dias o Tamar de Noronha tem palestrar gratuitas, sobre os diversos tópicos da Ilha e outras partes do mundo. Duram uma hora, sempre na parte da noite. Eu assisti duas, uma sobre a história do arquipélago (muito interessante) e outra sobre tubarões (também interessante, mas menos)... Dá pra ir de busão – tem um ponto na frente – ou até mesmo a pé, uns 20 minutos de caminhada, uma ou duas ladeiras, mas nada impossível. Como eu sempre chegava da rua em cima da hora, ia de busão, mas voltava a pé, sempre. Não só por serem gratuitas, mas ir ao Tamar vale a pena – até porque a vida noturna não é o forte de Noronha (e eu acho isso ótimo). Tem uma lojinha bem interessante, com várias coisas legais para comprar e cuja renda vai para o próprio Tamar (óbvio).

- Andando de ônibus:

A BR-363, única rodovia que corta a ilha, tem pouco mais de 07 km de extensão. De meia em meia hora os ônibus passam nos pontos e te deixam nas entradas das praias, no Tamar, aeroporto, muito simples. São apenas duas ‘linhas’: 01 – Posto e 02 –Sueste. A linha 01 vem do sul da ilha, passa pelo aeroporto e vai até a praia do Porto, onde fica o Posto da BR (o único). A linha 02 faz o inverso (que dúvida não?) e é nesse que se vai pro Tamar, pra praia do Sancho... Não tem erro, seja pra onde quer que vá, só perguntar pra qualquer nativo que eles te falam se você pega o ‘Posto’ ou o ‘Sueste’. Aí, só pedir pro motorista que ele para onde você quer ir. Ah, a tarifa estava R$ 3,10, que você paga ao descer do busão. Me falaram que é fácil pegar carona na ilha, mas eu não achei não.

- Praias centrais:

São três as praias de mais fácil acesso, onde se vai a pé com tranqüilidade: Cachorro, Meio e Conceição.

A do Cachorro é bem famosa, não só por ser a primeira praia a ser visitada na ilha, mas pelo tal bar que fica na parte de cima e, dizem, tem uma noite animada em certos dias da semana. A praia tem uma faixa de areia pouco extensa e é separada pela praia do Meio por uma pedras, por onde só é possível passar na maré baixa – também me falaram de um tal ‘buraco do Galego’ nessas pedras, só visível na maré baixa. Eu peguei uma época em que a maré estava baixa muito cedo, por isso sempre que chegava na praia do Cachorro, no fim da tarde, a maré já tinha subido e eu não vi esses detalhes. Tem umas barracas também, mas eu preferi a praia da Conceição para tomar cerveja.

Praia do Meio. Das três, eu gostei mais dessas. O acesso é fácil, pois existe uma escada logo depois da praia do Cachorro. A faixa de areia é mais extensa que a do Cachorro, o mar tem ondas – vários surfistas vão lá – não tem pedras no fundo, o terreno é plano, enfim, muito boa. Vale a pena para passar horas e horas sem fazer nada, só apreciando.

Conceição. Ainda mais extensa que as anteriores, mas na maré alta vira praia de ‘tombo’. Com areia mais grossa e vários trechos com pedras submersas, tem que saber ao certo onde entrar para banho. O ponto forte é o visual. Fica logo abaixo do Morro do Pico e tem o ‘Bar do Meio’, que fica justamente entre as praias do Meio e Conceição, um bom lugar pra tomar uma cerveja no fim da tarde. Vi pessoas fazendo snorkel ali, mas eu não fiz – se bem que eu acho que em qualquer ponto de Noronha dá pra ser usar snorkel.

- Comendo e bebendo:

Sabidamente, tudo em Noronha é mais caro. Mas, ao contrário do que muitos pensam, não se trata de uma questão de exploração do turismo. O arquipélago está a centenas de quilômetros do continente – isso todo mundo sabe – mas ninguém para pra pensar na logística que é pra tudo chegar lá. Então, pra mim, os altos preços são justificáveis. Restaurantes

a) Flamboyant. Fica na ‘praça’ ou bosque da Vila dos Remédios. Para almoço é self-service, no jantar, a la carte. Almocei algumas vezes e achei o melhor. O preço era R$ 39,90 o quilo, mas uma boa variedade, comida bem saborosa, recomendo. E aceitam cartões! O que é uma bênção na Ilha...

b) Ousadia da Ilha: um pouco acima do bosque, no lado direito de quem ‘sobe’. Também self-service, o dia todo. Também gostei, apesar de ter menor variedade que o Flamboyant. Jantei algumas vezes lá e não tenho queixas, apenas o fato de não aceitarem cartão.

c) Restaurante da Edilma: Fica na Vila dos Remédios, bem antes de começar a ladeira. Lá eles tem bolinho e filé de Tubarão, experimentei ambos, mas o filé é bem melhor. Também fazem pratos executivos, mas o preço é bem mais caro que os demais. Pelo menos aceitam cartão (isso se o ‘sistema’ estiver no ar). Comi lá umas duas ou três vezes.

d) Delícias da Ná: Pra mim, o pior que fui. Fica na rua da pousada onde estava. O que me atraiu foi o preço, mas, como não poderia deixar de ser, deixou a desejar. Pouca variedade e pratos nem um pouco interessantes; as únicas carnes eram de churrasco, e acho que é porque dá pra requentar com mais facilidade. Enfim, não gostei e não recomendo – apesar de sempre ter clientes comendo lá. Tinha máquina, mas não ‘estava passando’ o cartão.

e) Restaurante do Biu: Fui só uma vez, durante o passeio. Como disse, R$ 26,00 para comer à vontade, bebidas à parte. Variedade bacana, comida bem preparada, gostei. Fica localizado numa rua paralela a da Pousada, não lembro o nome – mas qualquer pessoa sabe onde fica. Porém, pelo preço, ainda compensa ir ao Flamboyant.

Para comprar diversos, padaria e mercadinho ‘Breakfast’. Fica na vila dos Remédios, numa rua perpendicular à via principal. Sem dúvida, o local mais barato para comprar água e tudo mais e aceitam cartão! Subindo a rua da pousada, eu achei um supermercado ‘Poty’; apesar de ser grande, não aceitam cartão e achei mal localizado.

- Outras informações:

- A não ser que você leve note/netbook, acessar a internet em Noronha é complicado. A hora sai por absurdos R$ 12! E, pra piorar, os computadores ficam trancados em gabinetes, sendo impossível passar fotos em pen drive ou algo do gênero.

- Algumas pessoas alugam buggies para percorrer a ilha. Talvez se estiver em grupo compense (não tenho noção do preço), mas acho meio preguiça, afinal dá sim pra ir de ônibus até certo ponto e caminhar cerca de quinze minutos, meia hora até chegar na praia.

- Celular pega bem, pelo menos o meu da Claro pegou. Mas não se esqueça que você vai pagar uma fortuna de roaming!

- Apesar de ser um paraíso, nunca é demais lembrar que Noronha está bem longe da ‘civilização’, então é sempre bom redobrar os cuidados, de todo tipo. Tem hospital, mas apenas para coisas mais simples, corriqueiras. Felizmente não sofri nenhum tipo de acidente na rua, ou mesmo no mar, pois não sei o que seria se tivesse que esperar pra chegar no continente; não vi em nenhum lugar helicóptero de bombeiro ou coisa parecida... Outra coisa, queira ou não, você estará em alto mar. A diferença entre a força das marés é nítida entre os chamados ‘mar de fora’ e ‘mar de dentro’, mas mesmo o ‘mar de dentro’ tem sua força. Como disse o palestrante do Tamar, Noronha exige do visitante uma certa resistência física, mas também uma boa dose de intimidade e respeito com o mar. Não é porque se sabe nadar que é aconselhável se aventurar sozinho em qualquer ponto. Eu sei nadar, há muito tempo, me sinto à vontade na água, e por isso posso dizer que as praias de lá tem sim uma diferença. Claro que não é nada absurdo, assustador, mas cautela não mata ninguém.

- Não seja idiota: não deixe qualquer tipo de lixo nas praias (levar sacola na mochila não pesa nada, muito menos levá-la de volta e jogá-la no lixo) e também não faça o turista imbecil, perseguindo e pegando nas mãos os vários animais de pequeno porte que povoam a ilha, além de os assustarem, você pode até matá-los (acredite, um turista estúpido fez isso); se bem que, se o fizer, cometerá um crime ambiental e o Ibama vai lhe fazer uma visitinha...

- Acho que depois de tanta coisa, nem seja necessário mencionar, mas acampar na Ilha? Nem em sonho. Proibidíssimo! E eu acho isso ótimo. Quem se dispõe a ir até lá tem que se adaptar às normas do local. Se acha isso ou aquilo um absurdo, faça um favor a si mesmo, fique em casa. É caro sim, existe uma taxa a ser recolhida, sim, mas vale a pena cada centavo investido. Os que acham que o lugar é supervalorizado, então não percam seu tempo indo pra lá. Pois é, como devem ter percebido, desenvolvi um certo apego com o lugar. Afinal, não é sempre que um sonho se torna real.

E pra mim, estar em Noronha, foi isso. A realização de um sonho, de uma coisa que foi planejada – e adiada – por muito tempo. Logo, quando finalmente eu me vi lá, tinha como não me sentir realizado?

Viva Fernando de Noronha!!!!!!


domingo, 12 de dezembro de 2010

Natal/RN - Novembro de 2010

Só agora arranjei tempo pra começar a descrever um pouco das minha últimas férias...

Ano passado, voltei pra casa com uma excelente impressão de João Pessoa, achando que dificilmente outra capital nordestina pudesse causar o mesmo efeito. Me enganei - aquele tipo de engano bom de acontecer. Natal superou todas as minhas expectativas! Se em Jampa eu iria ficar sete dias, mas fiquei nove, em Natal de sete pulei pra onze! E só não fiquei mais porque ainda tinha chão pra percorrer.
Gostei de muita coisa. A praia é acessível, com uma água naquela temperatura, limpa, bastante movimentada mas com uma certa tranquilidade, o povo foi bem hospitaleiro, comi muito bem, não achei as coisas tão caras quanto achei que seriam. E, claro, não posso deixar de lado as pessoas que conheci lá e que certamente tornaram essa estadia na capital potiguar muito mais interessante. Além de vários outros viajantes solitários - sim, é muito mais frequente do que se imagina, o que torna o entrosamento muito mais fácil, dada a rápida identificação uns com os outros - tive a sorte de conviver com alguns natalenses fantásticos. Graças a eles, pude conhecer lugares que provavelmente não conheceria por conta própria. Me fizeram sentir muito à vontade, como se eu conhecesse a cidade há muito mais tempo e como se conhecesse a eles próprios há mais tempo. Fico bastante satisfeito quando consigo essa interação rápida, e que nem por isso torna-se uma convivência descartável.
Por razões pessoais, me faz bem saber que eu tenho certa capacidade de cativar as pessoas e também deixá-las à vontade com a minha presença - ainda mais tendo essa fama de 'ruim' me perseguindo. É óbvio que, devido à distância, a rotina da vida real de cada um, o contato diminui, não existe mais a convivência direta. Mas ficam as lembranças. Coisas boas que marcam e tornam cada viagem única. E faz com que a vontade de voltar permaneça viva - mesmo que tal retorno não aconteça. Afinal, nunca sabemos o dia de amanhã. Assim como, há pouquíssimo tempo, todos esses lugares, essas pessoas, eram totalmente desconhecidos, outros lugares e pessoas continuam o sendo e, quem sabe, quando conhecê-los terei mais lugares na minha lista dos "quero voltar logo".
Todos sabem que tenho uma certa tendência a ser sistemático, organizado, ter tudo sob o meu controle. Porém, a cada nova viagem, percebo que os imprevistos, as mudanças de plano, nem sempre são prejudiciais. Se tivesse seguido à risca meu roteiro inicial, teria eu vivido o que vivi? Pergunta que jamais terá resposta... No fim, o que vale é saber que mais uma vez acertei nas minhas escolhas - mesmo as decepções, as expectativas não correspondidas em certas situações, também tem o seu valor.
Enfim, tudo isso pra dizer que voltei pra casa com um apreço IMENSO por Natal. Guardarei excelentes momentos, excelentes pessoas, excelentes recordações. Pode ser que um dia volte e não seja assim tão maravilhoso. Mas e daí, não é mesmo? Já foi muito bom da primeira vez e isso já basta. O resto é bônus. Só o fato de fazer aquilo que se gosta - ainda que não na quantidade ideal - e saber que de uma forma ou de outra sua presença, sua companhia, agradou pessoas até então desconhecidas e isso, consequentemente, também vai ficar na lembrança deles, vale a pena. Sempre vale. Já é sabido que eu sou fã de frases feitas - por mais clichê que isso seja - o que torna difícil escolher apenas uma que se encaixe aqui. Então, vou colocar uma declaração que li uma vez numa revista, de uma senhora que viajava o mundo sozinha. Era mais ou menos assim: "Se tem vontade, viaje sozinho. Não tenha medo. Você conhecerá pessoas incríveis, das quais jamais se esquecerá. E tenha certeza que elas jamais se esquecerão de você". E eu ainda acrescento aquela minha teoria das trajetórias perpendiculares. Em algum ponto da sua trajetória ela vai se cruzar com muitas outras, as quais se confundirão por um certo período, para logo depois retomarem seus rumos e, provavelmente, jamais se unirem novamente.
Mas de nada adiantam as excelentes companhias se a pessoa não consegue ficar sozinha consigo mesma. Digo isso, pois fui perguntado acerca dos momentos sozinhos. Algo como: "mas não é ruim ficar na praia sozinho, sem ter com quem conversar?", "não dá um vazio, uma tristeza?". Olha... Eu acho que se eu mesmo não suportasse a minha presença, estaria vivendo de uma forma totalmente errada. Claro que a companhia de pessoas agradáveis, queridas, parceiras, amigas, é algo sobre o qual não se pode por um preço. Mas ficar sozinho, fazendo companhia a si próprio, é muito importante. Pois são nesses momentos que surge a oportunidade de se entender, de perceber qual a sua real personalidade, seus gostos, desgostos, coisas ainda a serem feitas, coisas das quais se orgulhar, momentos nem tão memoráveis, desculpas que - eventualmente - devam ser pedidas, coisas que ficaram perdidas na rotina da 'vida real' e que, quando voltam à memória, te tiram sorrisos do rosto, dão saudade...
Às vezes paro pra pensar e digo pra mim mesmo (sim, falar sozinho não é coisa de doido, mas bastante saudável, eu acho...) que, há alguns anos atrás alguém me dissesse que faria tudo o que já fiz, que viveria tudo o que já vivi, eu só iria cair na gargalhada e chamar tal pessoa de maluca. Porque até pra mim é difícil acreditar que tanta coisa boa já me aconteceu. Mas aconteceu. Muitas foram possíveis de compartilhar, outras ficaram só pra mim. Fico bastante satisfeito quando olho para trás e percebo tudo de bom que já passou. E fico mais feliz ainda quando compartilho tais coisas com pessoas que me querem bem e percebo que eles estão felizes por mim, pois isso significa que entendem a importância de tudo isso na minha vida - por mais que eles próprios não achem assim, tão grande coisa esse lance de viajar sozinho.
Pronto. Me empolguei de novo. Quando eu resolvo dar essas filosofadas... Pelo menos eu tenho um certo discernimento e mantenho a linha desse meu blog, com esses textos periódicos.
Sim, porque afinal de contas, o Decerto deve conter "apenas desabafos sazonais".


E viva Natal!