sexta-feira, 20 de julho de 2012

Tenho amigos...


Que moram longe

Que moram perto

Que vejo com frequência

Que vejo de vez em quando

Que não vejo há muito tempo

Que vi apenas uma vez na vida

Que nunca vi pessoalmente

Que conheci na escola, na faculdade, trabalhando, viajando, por aí...

Que estão comigo por eu ser como sou

Que estão comigo APESAR de eu ser como sou

Que confiam em mim da mesma forma em que confio neles

Com os quais eu já rolei de rir, fiquei bêbado, chorei, desabafei, confidenciei

Com os quais viajei, fui a festas, shows, praias, bares, boates, feiras, parques, circo, velórios...

Que já me confiaram segredos, responsabilidades, as chaves de casa

Os quais eu, talvez, jamais seja capaz de agradecer o suficiente por tudo que já me fizeram...

Tenho amigos de toda sorte, com diferentes personalidades, gostos, desgostos, humores, preferências, manias, enfim, um grupo mais do que diversificado.

Entretanto, categorizá-los dessa forma não quer dizer que faço distinção entre um e outro, que tenha mais consideração por esse ou por aquele. Muito pelo contrário. Ainda que cada um tenha a sua peculiaridade, tenha entrado na minha vida há mais ou menos tempo, me conheça a fundo ou nem tanto assim, não importa. Se considero meu amigo, assim o é e assim sempre o será – pelo menos até tornar-se indigno da minha amizade, coisa que, reconheço, já aconteceu algumas vezes...

Costumo dar mais ênfase à amizade do que outras formas de relacionamento humano. Isso se deve, talvez, pelo fato de que na amizade não existe uma obrigação implícita, tal como existe no parentesco, por exemplo. Família é família, é de onde você vem, onde você se cria, que te prepara para o mundo onde – aí sim – você vai fazer suas amizades; sendo assim, relacionamento familiar é natural, esperado, simples consequência do fato de estarmos vivos. 

Já a amizade, não. 

Só é amigo quem você quer que seja seu amigo e quem quer que você seja amigo dele. Não funciona de outra forma. Às vezes acontece de você querer ser amigo de fulano ou sicrano, mas não rola reciprocidade, assim como o inverso também acontece – a pessoa insiste em se aproximar, mas você não vai com a cara da mesma, sabe? Claro que existem as “amizades” por interesse, conveniência, oportunismo; mas esse tipo de sujeira não me interessa, já que esse texto é sobre as minhas amizades e não sobre a podridão alheia.

Amigo não tem obrigação nenhuma de aguentar você a contragosto; se te suporta, é porque gosta (e eu que o diga). Claro que, às vezes, concessões são necessárias, uma dose extra de paciência, tolerância, tudo em nome de um bem maior; não dá pra ser tudo a ferro e fogo, uma eterna imposição de vontades, uma batalha de egos. Não funciona assim. E eu acho que aí que reside o segredo da coisa toda, esse consenso, esse acordo não verbal, esse entendimento espontâneo que permite relações duradouras, de confiança, de respeito e de muita diversão – coisa que apenas os amigos são capazes de proporcionar. Talvez quem tem muito dinheiro, ocupe uma posição social de destaque, tenha motivos para temer os que dele se aproximam, nunca consiga confiar cegamente em alguém, não considere ninguém como seu amigo. Bom, como eu não pertenço a nenhuma dessas categorias, esse é um temor que não me acompanha.

Dane-se quantidade, tempo de duração, frequência de contato, de presença física, palavras “miguxas”; quem é amigo MESMO tá andando pra essas convenções. Não importa se passo muito tempo sem ver, falar ou receber notícias de amigos – ainda que a saudade não seja uma coisa boa – o fato é que, quando isso acontece, parece que nos vimos ontem mesmo. O sentimento é mais forte do que qualquer melindre. E é isso que é o bom da coisa. Essa certeza de que, não importa as voltas que mundo dê, sempre haverá alguém para encontrar, para quem voltar, alguém com quem compartilhar tudo de bom e de ruim que aconteceu. 

Tem amigo que só tem uma preocupação: se você está bem. Faça a merda que você fizer, ainda que ele não concorde, não aceite, ele não vai perguntar detalhes, só vai querer saber se você está feliz; se a resposta for positiva, o assunto morre aí. Existem outros que, além de querer ver você bem, usa do poder que tem para abrir seus olhos, te passar aquele sermão, te dar aquela “chacoalhada”, puxar teu freio quando as coisas vão indo pra um caminho danoso, perigoso. Outros, ainda, se sentirão traídos, passados pra trás, quando você fizer novos amigos e passar mais tempo com os novos do que com eles, vão fazer mil conjecturas, duas mil suposições, três mil “achismos” para, no fim, continuar tudo como sempre foi – e dá-lhe paciência! Tem os que falam a verdade, mesmo que você não queira ouvi-la (dá um “ódinho”, mas depois a gente acaba agradecendo). E, claro, aqueles que vão tirar o seu sossego e te meter na pior das roubadas; vão fazer você passar vergonha – da qual vocês vão rir muito tempos depois; vão te deixar com a cabeça quente de preocupação, mas aparecerão logo depois com a cara mais lavada do mundo, como se nada tivesse acontecido; vão sumir, não responder suas mensagens de texto, muito menos seus e-mails, fazendo você achar que fez algo de errado, que disse o que não devia, ficando desesperado para saber que merda que deu e o que fazer para arrumar quando, na verdade, a figura estava apenas “se desintoxicando da tecnologia”. Você vai querer matar o desgraçado, mas em pouquíssimo tempo o ódio passa e você percebe que sempre será assim, afinal, foi com esse “traste” que você fez amizade (e talvez você o considere justamente por causa disso). E você vai amá-los do mesmo jeito.

O fato é: ninguém e plenamente feliz se não faz amigos ao longo da vida. Pode ter a família perfeita, ser a pessoa mais bem sucedida profissional e financeiramente, mas se não tem amigos... Só resta lamentar. Tenho pra mim que a pessoa que falha em fazer e manter amizades não atinge, digamos, sua plena competência como ser humano. Tá, ok, ela pode ser bem sucedida em todos os demais departamentos da vida – nos quais eu talvez nunca venha a ser – mas se não tem nenhum gato pra puxar pelo rabo amigo para chamar de seu, sinceramente, está deixando de vivenciar experiências únicas.

Li por aí que “amigo que é amigo não precisa de um dia, pois o é o ano todo”. Concordo, mas em termos, pois pai e mãe também são para a vida toda – porém todo mundo sempre faz um “qualquer coisa” diferente no dia deles; logo, por que os amigos também não merecem? É assim que eu vejo o dia de hoje, uma oportunidade de tornar ainda mais pública essa consideração, de concentrar os agradecimentos – afinal, ninguém fica ligando TODOS os dias para TODOS os seus amigos, não é?

           Mas enfim, rabugices à parte (não adianta, não perco essa mania de reclamar, hehe), deixo aqui meu mais sincero agradecimento a todos os meus amigos que, independente da forma, da intensidade, do tempo, trouxeram algo para a minha vida, que são responsáveis por uma grande parte do que eu sou hoje. Agradeço pela companhia, parceria, confiança, respeito, paciência, preocupação, desprendimento, pelas vezes que abriram mão de algo em meu favor, que fizeram o que talvez não quisessem só porque eu queria fazer (a mesma coisa com relação a lugares que não queriam ir), assim como pelas vezes em que mantiveram suas opiniões, me convencendo a seguir um caminho diferente; pelos convites inesperados, repentinos, pelos conselhos, pelas “chamadas de atenção”, enfim, toda e cada coisa acrescentada a minha existência desde o momento em que nos tornamos o que somos hoje.

           Para finalizar deixo uma imagem que, pra mim, tem um grande significado. Uma vez me perguntaram o porquê de eu tirar fotos nessa posição, se eu estaria agradecendo a Deus ou coisa parecida. Não, nunca foi essa a minha intenção. O que pretendo sempre que me posiciono dessa forma é dizer algo como “Ei, amigos, vejam como estou feliz! Queria vocês aqui comigo, que coubessem nesse abraço!”. Ou algo do gênero. Sim, pois onde quer que eu vá, tem sempre uma legião que me acompanha. Isso eu garanto.


Feliz 20 de julho. Feliz Dia do Amigo!
 
PS: Usei “amigos” apenas no masculino não por uma questão machista, muito menos por considerar que só tenho amigos homens, por favor. Foi uma mera questão de conveniência ortográfica, digamos.
PS²: Um último agradecimento, mais do que especial, a você que conseguiu ler tudinho e chegou até aqui. Valeu pelo esforço. Hehe. ;-)