Que moram longe
Que moram perto
Que vejo com frequência
Que vejo de vez em quando
Que não vejo há muito tempo
Que vi apenas uma vez na
vida
Que nunca vi pessoalmente
Que conheci na escola, na
faculdade, trabalhando, viajando, por aí...
Que estão comigo por eu ser como
sou
Que estão comigo APESAR de eu ser
como sou
Que confiam em mim da mesma forma
em que confio neles
Com os quais eu já rolei de rir,
fiquei bêbado, chorei, desabafei, confidenciei
Com os quais viajei, fui a
festas, shows, praias, bares, boates, feiras, parques, circo, velórios...
Que já me confiaram segredos,
responsabilidades, as chaves de casa
Os quais eu, talvez, jamais seja
capaz de agradecer o suficiente por tudo que já me fizeram...
Tenho amigos
de toda sorte, com diferentes personalidades, gostos, desgostos, humores,
preferências, manias, enfim, um grupo mais do que diversificado.
Entretanto,
categorizá-los dessa forma não quer dizer que faço distinção entre um e outro,
que tenha mais consideração por esse ou por aquele. Muito pelo contrário. Ainda
que cada um tenha a sua peculiaridade, tenha entrado na minha vida há mais ou
menos tempo, me conheça a fundo ou nem tanto assim, não importa. Se considero
meu amigo, assim o é e assim sempre o será – pelo menos até tornar-se indigno
da minha amizade, coisa que, reconheço, já aconteceu algumas vezes...
Costumo dar
mais ênfase à amizade do que outras formas de relacionamento humano. Isso se
deve, talvez, pelo fato de que na amizade não existe uma obrigação implícita,
tal como existe no parentesco, por exemplo. Família é família, é de onde você
vem, onde você se cria, que te prepara para o mundo onde – aí sim – você vai
fazer suas amizades; sendo assim, relacionamento familiar é natural, esperado,
simples consequência do fato de estarmos vivos.
Já a amizade,
não.
Só é amigo
quem você quer que seja seu amigo e quem quer que você seja amigo dele. Não funciona de outra
forma. Às vezes acontece de você querer ser amigo de fulano ou sicrano, mas não
rola reciprocidade, assim como o inverso também acontece – a pessoa insiste em
se aproximar, mas você não vai com a cara da mesma, sabe? Claro que existem as
“amizades” por interesse, conveniência, oportunismo; mas esse tipo de sujeira
não me interessa, já que esse texto é sobre as minhas amizades e não sobre a
podridão alheia.
Amigo não tem
obrigação nenhuma de aguentar você a contragosto; se te suporta, é porque gosta
(e eu que o diga). Claro que, às vezes, concessões são necessárias, uma dose
extra de paciência, tolerância, tudo em nome de um bem maior; não dá pra ser
tudo a ferro e fogo, uma eterna imposição de vontades, uma batalha de egos. Não
funciona assim. E eu acho que aí que reside o segredo da coisa toda, esse
consenso, esse acordo não verbal, esse entendimento espontâneo que permite
relações duradouras, de confiança, de respeito e de muita diversão – coisa que
apenas os amigos são capazes de proporcionar. Talvez quem tem muito dinheiro,
ocupe uma posição social de destaque, tenha motivos para temer os que dele se
aproximam, nunca consiga confiar cegamente em alguém, não considere ninguém
como seu amigo. Bom, como eu não pertenço a nenhuma dessas categorias, esse é
um temor que não me acompanha.
Dane-se
quantidade, tempo de duração, frequência de contato, de presença física,
palavras “miguxas”; quem é amigo MESMO tá andando pra essas convenções. Não
importa se passo muito tempo sem ver, falar ou receber notícias de amigos –
ainda que a saudade não seja uma coisa boa – o fato é que, quando isso
acontece, parece que nos vimos ontem mesmo. O sentimento é mais forte do que
qualquer melindre. E é isso que é o bom da coisa. Essa certeza de que, não
importa as voltas que mundo dê, sempre haverá alguém para encontrar, para quem
voltar, alguém com quem compartilhar tudo de bom e de ruim que aconteceu.
Tem amigo que
só tem uma preocupação: se você está bem. Faça a merda que você fizer, ainda
que ele não concorde, não aceite, ele não vai perguntar detalhes, só vai querer
saber se você está feliz; se a resposta for positiva, o assunto morre aí.
Existem outros que, além de querer ver você bem, usa do poder que tem para
abrir seus olhos, te passar aquele sermão, te dar aquela “chacoalhada”, puxar
teu freio quando as coisas vão indo pra um caminho danoso, perigoso. Outros, ainda,
se sentirão traídos, passados pra trás, quando você fizer novos amigos e passar
mais tempo com os novos do que com eles, vão fazer mil conjecturas, duas mil
suposições, três mil “achismos” para, no fim, continuar tudo como sempre foi –
e dá-lhe paciência! Tem os que falam a verdade, mesmo que você não queira
ouvi-la (dá um “ódinho”, mas depois a gente acaba agradecendo). E, claro, aqueles
que vão tirar o seu sossego e te meter na pior das roubadas; vão fazer você
passar vergonha – da qual vocês vão rir muito tempos depois; vão te deixar com
a cabeça quente de preocupação, mas aparecerão logo depois com a cara mais
lavada do mundo, como se nada tivesse acontecido; vão sumir, não responder suas
mensagens de texto, muito menos seus e-mails, fazendo você achar que fez algo
de errado, que disse o que não devia, ficando desesperado para saber que merda
que deu e o que fazer para arrumar quando, na verdade, a figura estava apenas
“se desintoxicando da tecnologia”. Você vai querer matar o desgraçado, mas em
pouquíssimo tempo o ódio passa e você percebe que sempre será assim, afinal,
foi com esse “traste” que você fez amizade (e talvez você o considere
justamente por causa disso). E você vai amá-los do mesmo jeito.
O fato é:
ninguém e plenamente feliz se não faz amigos ao longo da vida. Pode ter a família
perfeita, ser a pessoa mais bem sucedida profissional e financeiramente, mas se
não tem amigos... Só resta lamentar. Tenho pra mim que a pessoa que falha em
fazer e manter amizades não atinge, digamos, sua plena competência como ser
humano. Tá, ok, ela pode ser bem sucedida em todos os demais departamentos da
vida – nos quais eu talvez nunca venha a ser – mas se não tem nenhum gato
pra puxar pelo rabo amigo para chamar de seu, sinceramente, está deixando
de vivenciar experiências únicas.
Li por aí que
“amigo que é amigo não precisa de um dia, pois o é o ano todo”. Concordo, mas em
termos, pois pai e mãe também são para a vida toda – porém todo mundo sempre
faz um “qualquer coisa” diferente no dia deles; logo, por que os amigos também
não merecem? É assim que eu vejo o dia de hoje, uma oportunidade de tornar
ainda mais pública essa consideração, de concentrar os agradecimentos – afinal,
ninguém fica ligando TODOS os dias para TODOS os seus amigos, não é?
Mas
enfim, rabugices à parte (não adianta, não perco essa mania de reclamar, hehe),
deixo aqui meu mais sincero agradecimento a todos os meus amigos que,
independente da forma, da intensidade, do tempo, trouxeram algo para a minha
vida, que são responsáveis por uma grande parte do que eu sou hoje. Agradeço
pela companhia, parceria, confiança, respeito, paciência, preocupação,
desprendimento, pelas vezes que abriram mão de algo em meu favor, que fizeram o
que talvez não quisessem só porque eu queria fazer (a mesma coisa com relação a
lugares que não queriam ir), assim como pelas vezes em que mantiveram suas
opiniões, me convencendo a seguir um caminho diferente; pelos convites
inesperados, repentinos, pelos conselhos, pelas “chamadas de atenção”, enfim,
toda e cada coisa acrescentada a minha existência desde o momento em que nos
tornamos o que somos hoje.
Para
finalizar deixo uma imagem que, pra mim, tem um grande significado. Uma vez me
perguntaram o porquê de eu tirar fotos nessa posição, se eu estaria agradecendo
a Deus ou coisa parecida. Não, nunca foi essa a minha intenção. O que pretendo
sempre que me posiciono dessa forma é dizer algo como “Ei, amigos, vejam como
estou feliz! Queria vocês aqui comigo, que coubessem nesse abraço!”. Ou algo do
gênero. Sim, pois onde quer que eu vá, tem sempre uma legião que me acompanha.
Isso eu garanto.
Feliz 20 de julho.
Feliz Dia do Amigo!
PS: Usei “amigos” apenas no
masculino não por uma questão machista, muito menos por considerar que só tenho
amigos homens, por favor. Foi uma mera questão de conveniência ortográfica,
digamos.
PS²: Um último agradecimento,
mais do que especial, a você que conseguiu ler tudinho e chegou até aqui. Valeu
pelo esforço. Hehe. ;-)