quarta-feira, 1 de julho de 2009

O DIA D

Vamos aos detalhes então:

Como o médico atende em Tietê mas a cirurgia é feita no Albert Einsten na capital, fomos num grupo de oito míopes. Como a maioria era de mulheres - seis - quando perguntaram quem seria o primeiro, começou aquele 'ai, eu não'. Lógico que eu levantei o braço e me candidatei, afinal estava lá pra isso e se era pra fazer, que fosse logo.
Depois de devidamente uniformizado, com a touquinha, o avental e, mais importante, sem os óculos, entrei na sala de cirurgia. Já deitei na mesa e o enfermeiro pingou anestésico nos dois olhos de uma vez. Logo depois, pingou de novo e aí começou todo o procedimento.
- Primeiro, um tecido esterilizado no rosto, deixando à mostra apenas o olho a ser operado
- Foi colocado um esparadrapo em cada pálpebra para que eu não as fechasse;
- Fizeram a assepsia com sei lá quais produtos;
- Aí vem o instrumento que segura o olho aberto, não senti nada ao colocarem;
- Depois, vi se aproximando um objeto que mais parece uma garra minúscula, o qual não tenho ideia pra que serve. De novo, não senti nada.
- Em seguida o médico avisa que eu iria sentir uma pressão no olho e aproxima um objeto circular. No olho direito não senti pressão nenhuma, já no esquerdo até que senti, mas foi de leve.
- Agora, começa a parte interessante. A córnea é cortada, a 'lamela' levantada (parece que estão virando uma página dentro do seu olho) e só aí é que a visão fica bem turva, quase impossível de enxergar.
- Logo depois, o médico avisa que vai começar o laser e me instruiu a continuar olhando para a luz de fixação. É a luz vermelha e intermitente para qual eu fiquei olhando desde o início da operação, mas agora ela para de piscar e fica totalmente acesa. Quando começa, a máquina dá um estralos que me assustaram na hora, mas como não durou mais do que vinte segundos de laser, sosseguei rápido. Ele também avisou do cheiro de queimado que eu iria sentir e é verdade, senti mesmo, mas bem fraquinho (eu achei que seria muito forte).
- Imediatamente após, ele já começou o procedimento para fechar a córnea e eu vi tudo outra vez, o movimento de página virando, os intrumentos mexendo para colocar exatamente no mesmo lugar e todos os passos da limpeza, com os cotonetes e tal.
- O procedimento no olho esquerdo começou imediatamente depois, não deu tempo nem de 'molhar o bico'... rsrsrs
- A mesma coisa, só senti um pouco mais de incômodo na hora da 'pressão' e também na hora na higienização (ardeu) do que no olho direito. Talvez o efeito do anestésico estivesse passando. Mas não foi nada horrível ou doloroso. Só senti mesmo pq no direito não tinha sentido absolutamente nada.
- Terminada a operação, saí da mesa enxergando muito embaçado e fui pra uma salinha com a outra médica, onde só vinha a luz da janela por trás da cortina, pois a sensibilidade à luz fica gigante. Ela me passou as orientações do pós e já pingou os dois colírios indicados (os quais precisei comprar antes e levar junto para a cirurgia).
- Finalmente, fui pra uma outra sala, também com as luzes apagadas e com cadeiras confortabilíssimas, para aguardar todos os outros serem operados. Por cerca de uma hora, não conseguia abrir os olhos, tanto pela sensibildade à luz que vinha do corredor, tanto pela sensação de ardência nos dois olhos. Aos poucos os olhos pararam de arder e, assim que estávamos prontos para vir embora, não sentia mais nada, até a sensibilidade tinha melhorado bastante. Só a visão estava ainda bem prejudicada, mas boa parte por causa do tampão de proteção que me colocaram que, apesar de transparente, não ajudava muito não.

Considerações finais:
- A cirurgia não dói nada! O incômodo é muito maior no pós do que no ato propriamente dito.
- Valeu muito a pena eu pesquisar bastante antes pra perder o medo. Assim, eu pude ficar desencanado e até curtir a operação. Verdade! São imagens bem bacanas ver aquele monte de treco tão próximo e não sentir nada, nem uma cócega sequer.
- Me disseram que eu sairia da mesa enxergando tudo: isso é mentira. Demorei bem pra ver com bastante nitidez.
- Também me disseram no hospital que eu deveria ter levado um acompanhante, pois seria muito difícil eu me locomover sozinho. Outra mentira. Talvez pra quem acaba se ser operado e já quer sair aconteça isso. Mas como eu tive mais de uma hora pra descansar, passei tranquilo pelos corredores.

E o pós-operatório?
Bom, quando cheguei em casa, fui tomar banho sem tirar os tampões. Mesmo sem lavar a cabeça - o que não posso fazer por cinco dias - preferi não arriscar. Logo depois, tirei a proteção, limpei com a gase e o soro e pinguei os colírios. Não consegui ficar na sala por causa da luz e fui pro quarto, deitar no escuro. A melhor coisa que fiz. Enrolei até a hora de pingar de novo os colírios e aí fui dormir. Depois que achei uma posição confortável, dormi muito bem a noite toda.
Hoje já levantei, limpei os olhos de novo, pinguei os colírios e saí no quintal para poder olhar, finalmente, o mundo com os novos olhos. Apesar de ainda estar sensível à luz, foi uma sensação ótima!
Passei o dia em casa, vi TV, fiquei um pouco na net e não tive qualquer incômodo. Os olhos não estão vermelhos, consegui controlar os impulsos de coçar, pinguei os colírios certinho nos horários e estou vendo tudo!!

Enfim, é isso. Amanhã já tenho um retorno com o médico para ver como anda a cicatrização. No que depender de sintomas, estou ótimo. Mas, olho é muito sensível e é melhor não abusar. E eu não vou abusar mesmo.

Amanhã posto mais.

3 comentários:

Unknown disse...

Que boa idéia postar o passo a passo! Fico muito curiosa sobre a cirurgia, já que me falta coragem, mas lendo o que vc postou, vejo que é bem simples e rápido o processo. Gostei da ideia de operar as duas vistas no mesmo dia. Estou cogitando fazer a cirurgia assim que puder.

Unknown disse...

Só pra situar (5)... eu ouvi tudo pessoalmente!!! rsrs
Fico feliz por sua rápida recuperação...
bjo

Unknown disse...

adorei seu relato meu amigo! fantastico! amanha (dia 26/11/09) eu opero os meus olhos e depois eu te conto como foi! bju