IR EMBORA
Durante algum tempo, fui membro dessa comunidade no Orkut. Aí, quando comecei no meu novo emprego, achei que não precisava mais e saí. Agora estou pensando se volto. Não sei explicar ao certo, mas já há algum tempo que eu venho tendo essas idéias, de ir embora, pra bem longe, começar praticamente tudo de novo. Antigamente, nos meus devaneios de morar em outro país, eu pensava nisso como uma forma de ganhar mais dinheiro, ficar rico, o tal "sonho americano", afinal são tantas histórias que vejo até hoje pela televisão que isso me deixava mais empolgado - eu sei que essas histórias de sucesso são uma parte ínfima das tantas outras de desilusão, fracasso e deportação. Mas aí, como disse anteriormente, durante certo tempo passei a achar que isso não era mais necessário, não que eu tenha ficado rico, mas passei a ver as coisas de outra forma. Hoje, quando me pego imaginando vivendo em outro país, não faço mais planos de trabalhar feito burro durante um determinado período, juntar uma puta grana e depois voltar. Quando me vejo longe daqui, é pra nunca mais voltar. Acho que na verdade eu ando meio cansado de certas coisas. Me sinto cada vez mais um peixe fora d'água. Os meus sonhos não são os mesmos de todo mundo; minhas ambições também não; os meus gostos e desgostos, idem. Não sei por que tenho essa mania de pensar diferente, de querer coisas diferentes dos demais. Não seria mais fácil ter o sonho da maioria, casar-se, ter filhos, encaminhá-los e depois fazer a mesma coisa com os netos, até o fim da vida? Ou então morar na capital pra angariar fundos, comprar uma casa no interior e voltar pra lá pra morrer? Talvez fosse, mas eu não quero. Mesmo. Às vezes fico tão desanimado com o que vejo/ouço ao meu redor, que tenho vontade de mandar uma meia dúzia tomar no cu e desaparecer. Me chamam de arrogante, mas eu acho tudo tão simplista, tão medíocre, tão convecional. Sabe, um fatalismo, um comodismo, uma vida que gira num círculo vicioso, como se o lema fosse "vou viver até morrer". Ah, sei lá. Um dos efeitos colaterais de eu ter viajado tanto no ano pasado foi justamente esse. Eu percebi que o mundo é muito maior do que eu pensava e isso fez com se instalasse em mim uma inquietude, um certo desconforto com a rotina e com a possibilidade de estar fazendo a mesma coisa daqui vários anos. Acho que isso também tem a ver com o passado, afinal durante muitos anos vivi preso a um dia-a-dia inócuo, sem graça mesmo, uma vida que não parecia ser a minha.
Mas ao mesmo tempo em que essa vontade de vender tudo o que seja venal, raspar todas as economias e ir viver em outro país (sim, porque o Brasil não dá mais, perdi todas as esperanças nessa terra de merda - se é que algum dia tive alguma), insiste em rondar minha mente, surge o outro lado da moeda. Ir embora e fazer o quê? E quando acabar o dinheiro? Voltar com uma mão na frente e outra atrás? E o arrependimento, do tipo "meu Deus, tinha a vida feita e joguei tudo pelo ralo!". Até que ponto o sonho vale a pena? Não sei. Isso me confunde. Fico pensando no dia do 'acerto de contas'. Não, não me refiro ao Juízo Final onde - acredita-se por aí - o Messias vai surgir e pôr fogo em metade da população, mas sim ao dia inevitável em que eu (e todos nós) vou me sentar e fazer o balanço da minha vida. E o meu maior medo é perceber, lá na frente, que deixei de viver uma vida realmente válida por medo, por comodismo. Não tenho nenhuma pretensão de me tornar algum tipo de herói, de figura histórica, daquelas que são eternizadas em livros de história, que viram motivo de feriado nacional. Só não quero conviver com a sensação do arrependimento, da dúvida, do "e se".
Se fosse pra ir, pra onde iria? Xi... tantos lugares já me passaram pela cabeça. Conheço algumas - poucas - pessoas que tomaram tal decisão. Umas voltaram pra casa e outros ainda continuam lá fora. Cada um com seus motivos, e analisando cada um deles, a dúvida só aumenta. Repetindo, não é mais uma questão de enriquecer, mas sim de viver uma nova vida, porque a cada dia sinto que não pertenço a esta. Sinceramente, são meus amigos que seguram a minha sanidade, porque o resto só faz me sentir cada vez mais distante. E não pense você que isso é um papo de depressivo, carente e o caralho a quatro. Simplesmente não consigo enxergar o mundo com os mesmos olhos da maioria. Quero um país onde a falta de instrução, o "jeitinho", a ignorância, o bairrismo, o fanatismo, a vadiagem não sejam motivo de orgulho.
Mais acima me referi ao Brasil como terra de merda. Aí, pode surgir aquele lazarento e dizer "mas bem que pra você passear, o Brasil é bom né?". Exatamente. Nas minhas andanças pelos albergues, já econtrei vários estrangeiros. E foi a partir desses contatos que eu percebi que é só pra isso que o país serve mesmo, como um quintal, um "playground" do mundo. Ainda se houvesse uma revolução e separasse o Estado de São Paulo e a Região Sul como um novo país, talvez pensasse diferente. Mas do contrário... Sabe o que ter uma moeda que vale praticamente um terço do que vale para os estrangeiros? Enquanto eu pago vinte e cinco reais numa diária, eles pagam oito euros? Sabia que muitos dos estrangeiros que encontrei nem profissão tinham? Eram apenas estudantes que trabalharam de garçom, entregador ou similares, guardaram a grana e vieram pra passar MESES aqui no Brasil? E depois não é pra perder o tesão...
Enfim, sei lá. Talvez nunca realize isso. Talvez morra na mesma cidade, no mesmo emprego, na mesma casa. Eu sei que só depende de mim mudar as coisas. E estou pensando com cada vez mais freqüência nessa hipótese. Se vai rolar, não sei. Mas se acontecer, certamente vocês serão os primeiros a saber.
Durante algum tempo, fui membro dessa comunidade no Orkut. Aí, quando comecei no meu novo emprego, achei que não precisava mais e saí. Agora estou pensando se volto. Não sei explicar ao certo, mas já há algum tempo que eu venho tendo essas idéias, de ir embora, pra bem longe, começar praticamente tudo de novo. Antigamente, nos meus devaneios de morar em outro país, eu pensava nisso como uma forma de ganhar mais dinheiro, ficar rico, o tal "sonho americano", afinal são tantas histórias que vejo até hoje pela televisão que isso me deixava mais empolgado - eu sei que essas histórias de sucesso são uma parte ínfima das tantas outras de desilusão, fracasso e deportação. Mas aí, como disse anteriormente, durante certo tempo passei a achar que isso não era mais necessário, não que eu tenha ficado rico, mas passei a ver as coisas de outra forma. Hoje, quando me pego imaginando vivendo em outro país, não faço mais planos de trabalhar feito burro durante um determinado período, juntar uma puta grana e depois voltar. Quando me vejo longe daqui, é pra nunca mais voltar. Acho que na verdade eu ando meio cansado de certas coisas. Me sinto cada vez mais um peixe fora d'água. Os meus sonhos não são os mesmos de todo mundo; minhas ambições também não; os meus gostos e desgostos, idem. Não sei por que tenho essa mania de pensar diferente, de querer coisas diferentes dos demais. Não seria mais fácil ter o sonho da maioria, casar-se, ter filhos, encaminhá-los e depois fazer a mesma coisa com os netos, até o fim da vida? Ou então morar na capital pra angariar fundos, comprar uma casa no interior e voltar pra lá pra morrer? Talvez fosse, mas eu não quero. Mesmo. Às vezes fico tão desanimado com o que vejo/ouço ao meu redor, que tenho vontade de mandar uma meia dúzia tomar no cu e desaparecer. Me chamam de arrogante, mas eu acho tudo tão simplista, tão medíocre, tão convecional. Sabe, um fatalismo, um comodismo, uma vida que gira num círculo vicioso, como se o lema fosse "vou viver até morrer". Ah, sei lá. Um dos efeitos colaterais de eu ter viajado tanto no ano pasado foi justamente esse. Eu percebi que o mundo é muito maior do que eu pensava e isso fez com se instalasse em mim uma inquietude, um certo desconforto com a rotina e com a possibilidade de estar fazendo a mesma coisa daqui vários anos. Acho que isso também tem a ver com o passado, afinal durante muitos anos vivi preso a um dia-a-dia inócuo, sem graça mesmo, uma vida que não parecia ser a minha.
Mas ao mesmo tempo em que essa vontade de vender tudo o que seja venal, raspar todas as economias e ir viver em outro país (sim, porque o Brasil não dá mais, perdi todas as esperanças nessa terra de merda - se é que algum dia tive alguma), insiste em rondar minha mente, surge o outro lado da moeda. Ir embora e fazer o quê? E quando acabar o dinheiro? Voltar com uma mão na frente e outra atrás? E o arrependimento, do tipo "meu Deus, tinha a vida feita e joguei tudo pelo ralo!". Até que ponto o sonho vale a pena? Não sei. Isso me confunde. Fico pensando no dia do 'acerto de contas'. Não, não me refiro ao Juízo Final onde - acredita-se por aí - o Messias vai surgir e pôr fogo em metade da população, mas sim ao dia inevitável em que eu (e todos nós) vou me sentar e fazer o balanço da minha vida. E o meu maior medo é perceber, lá na frente, que deixei de viver uma vida realmente válida por medo, por comodismo. Não tenho nenhuma pretensão de me tornar algum tipo de herói, de figura histórica, daquelas que são eternizadas em livros de história, que viram motivo de feriado nacional. Só não quero conviver com a sensação do arrependimento, da dúvida, do "e se".
Se fosse pra ir, pra onde iria? Xi... tantos lugares já me passaram pela cabeça. Conheço algumas - poucas - pessoas que tomaram tal decisão. Umas voltaram pra casa e outros ainda continuam lá fora. Cada um com seus motivos, e analisando cada um deles, a dúvida só aumenta. Repetindo, não é mais uma questão de enriquecer, mas sim de viver uma nova vida, porque a cada dia sinto que não pertenço a esta. Sinceramente, são meus amigos que seguram a minha sanidade, porque o resto só faz me sentir cada vez mais distante. E não pense você que isso é um papo de depressivo, carente e o caralho a quatro. Simplesmente não consigo enxergar o mundo com os mesmos olhos da maioria. Quero um país onde a falta de instrução, o "jeitinho", a ignorância, o bairrismo, o fanatismo, a vadiagem não sejam motivo de orgulho.
Mais acima me referi ao Brasil como terra de merda. Aí, pode surgir aquele lazarento e dizer "mas bem que pra você passear, o Brasil é bom né?". Exatamente. Nas minhas andanças pelos albergues, já econtrei vários estrangeiros. E foi a partir desses contatos que eu percebi que é só pra isso que o país serve mesmo, como um quintal, um "playground" do mundo. Ainda se houvesse uma revolução e separasse o Estado de São Paulo e a Região Sul como um novo país, talvez pensasse diferente. Mas do contrário... Sabe o que ter uma moeda que vale praticamente um terço do que vale para os estrangeiros? Enquanto eu pago vinte e cinco reais numa diária, eles pagam oito euros? Sabia que muitos dos estrangeiros que encontrei nem profissão tinham? Eram apenas estudantes que trabalharam de garçom, entregador ou similares, guardaram a grana e vieram pra passar MESES aqui no Brasil? E depois não é pra perder o tesão...
Enfim, sei lá. Talvez nunca realize isso. Talvez morra na mesma cidade, no mesmo emprego, na mesma casa. Eu sei que só depende de mim mudar as coisas. E estou pensando com cada vez mais freqüência nessa hipótese. Se vai rolar, não sei. Mas se acontecer, certamente vocês serão os primeiros a saber.
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