Nesta madrugada, eu e meus amigos decidimos que, depois da meia-noite, do fogos, dos abraços e votos de um feliz ano novo, iríamos ao baile do Ferroviário. Sei lá, acho que a intenção era tomar mais umas, encontrar outros colegas, dar uma divertida. Ledo engano. Já comecei o ano de 2008 aprendendo uma nova lição: nunca, jamais, never again, eu piso num baile/festa/evento cujo convite custe R$ 10,00. Se bem que, a esse preço, o certo é chamar de ingresso em vez de convite. Primeiro por que ingresso remete à cinema, circo, e foi assim que eu me senti nesse baile: assistindo a um filme trash ou a um 'espetáculo' de freak show, de circo dos horrores. Segundo, por que a palavra "convite" por si só já se explica e eu, modéstia às favas, jamais seria convidado para uma festa-lixo feito essa. Meu círculo social tem muito mais "catchiguria". O que eu vi lá pra causar tamanho descontentamento? Eu explico. Muita gente desconhecida. Eu achei no início que isso se devia ao fato de, há um bom tempo, eu não sair mais aqui em Laranjal; ou nós vamos pra outras cidades, ou ficamos na casa/sítio/chácara da turma. Ou ainda, como aconteceu em 2007, em alguns feriados prolongados peguei minha mochila e vazei. Mas, analisando melhor, vi não que era só isso. Não conhecia praticamente ninguém pois a maioria pertence a um mundo que não é o meu. Um mundo de espíritos pobres, beberrões - não que nós também não bebamos, mas Black Label não se compara a Vodka Fornov - gente FEIA mesmo, mal-ajambrada, fedida, barulhenta, daquelas que pensam que só pq tiveram condições de entrar num baile do clube mais elitizado da cidade, estão abafando. Resultado? Ficamos menos de meia hora no lugar. Foi como se, ao cruzar o portão do clube, fôssemos todos tele-transportados para um baile funk em Carapicuíba, Barueri, Jandira. Ou seja, o inferno na Terra. Podem me chamar de arrogante, metido, não-humilde, debochado, petulante, pedante, preconceituoso. Essa noite fui tudo isso. MESMO. Felizmente, minha turma compartilha muitas opiniões comigo - se não fosse assim, duvido que passaríamos dos dez anos juntos - e, assim que percebemos as reações uns dos outros, tratamos de sumir dali. Vou tentar ser mais detalhista. Assim que entrei, um cheiro de fritura no ar (quem, meu Deus, se presta a comer uma coxinha como primeira refeição do ano?); logo em seguida, um calor insuportável, proveniente da parte superior, onde a terceira idade se esbaldava ao som de músicas cuja origem, ritmo, melodia (??) e letra eu desconheço. Ao descer a escadaria, um odor indecifrável tomou conta dos meu arredores; indecifrável porque, assim que ele ameaçou entrar pelas minhas narinas, eu tratei de prender a respiração e sair daquele perímetro o mais rápido possível. O pouco que me lembro, era uma mistura de perfume barato, sovaco e sei lá mais o quê (prefiro nem descobrir o que era). Ao chegar no recinto das piscinas, eu ainda tinha um fio de esperança de que meus sentidos fossem mais bem-tratados. Mais uma vez, ledo engano. Estava pior. De um lado, umas pessoas com umas caras de bosta que, sinceramente, seja lá qual for a expectativa para 2008 desses seres, será um ano estupidamente apático, para dizer o mínimo. Mais a frente, um bando de tsunamis*, pulando, virando, gritando, um bando de bicho no cio, ao som de "Tropa de Elite" - foi a única música que eu consegui distingüir em meio àquele pandemônio. Ficamos estacados no mesmo lugar durante os poucos (mas que pareceram eternos) minutos em que estivemos ali. Ainda encontramos um ou outro conhecido que também estava vagando pelo ambiente - se esses estavam se divertindo, não me pergunte. Enfim, é isso. Se deixar, vou ficar aqui até amanhã, seguramente. Por isso, chega. Só volto a dizer que os primeiros momentos de 2008 foram os mais medonhos que já vivi. Mas, como disse pro Tony, vamos olhar por um ângulo positivo. Se começou tenebroso desse jeito, certamente pior não pode ficar. Sim, porque se ao longo deste ano eu tiver uma visão mais escrota, horrorosa, demoníaca, nojenta, repulsiva do que essa é por que eu morri e fui para o inferno. Feliz 2008.
*Denominação para super-biscates. As biscates 'normais' têm tanto fogo na buceta que pode-se imaginar que o dito órgão se movimenta freneticamente nos períodos de cio - ou seja, diariamente, ad infinitum - como se fosse um motor de popa, daqueles que ao serem colocados às margens do Rio Amazonas, atravessam o mesmo em questão de segundos, tamanha a propulsão do motor. Numa super-biscate, a potência desse motor é elevada exponencialmente, permitindo às portadoras do mesmo surfarem sobre as ondas do Tsunami.
Tá difícil de enxergar o palco do baile né? Vai por mim, prefira dessa forma. Às vezes, a ignorância é uma benção.
*Denominação para super-biscates. As biscates 'normais' têm tanto fogo na buceta que pode-se imaginar que o dito órgão se movimenta freneticamente nos períodos de cio - ou seja, diariamente, ad infinitum - como se fosse um motor de popa, daqueles que ao serem colocados às margens do Rio Amazonas, atravessam o mesmo em questão de segundos, tamanha a propulsão do motor. Numa super-biscate, a potência desse motor é elevada exponencialmente, permitindo às portadoras do mesmo surfarem sobre as ondas do Tsunami.
Tá difícil de enxergar o palco do baile né? Vai por mim, prefira dessa forma. Às vezes, a ignorância é uma benção.
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