Só agora arranjei tempo pra começar a descrever um pouco das minha últimas férias...
Ano passado, voltei pra casa com uma excelente impressão de João Pessoa, achando que dificilmente outra capital nordestina pudesse causar o mesmo efeito. Me enganei - aquele tipo de engano bom de acontecer. Natal superou todas as minhas expectativas! Se em Jampa eu iria ficar sete dias, mas fiquei nove, em Natal de sete pulei pra onze! E só não fiquei mais porque ainda tinha chão pra percorrer.
Gostei de muita coisa. A praia é acessível, com uma água naquela temperatura, limpa, bastante movimentada mas com uma certa tranquilidade, o povo foi bem hospitaleiro, comi muito bem, não achei as coisas tão caras quanto achei que seriam. E, claro, não posso deixar de lado as pessoas que conheci lá e que certamente tornaram essa estadia na capital potiguar muito mais interessante. Além de vários outros viajantes solitários - sim, é muito mais frequente do que se imagina, o que torna o entrosamento muito mais fácil, dada a rápida identificação uns com os outros - tive a sorte de conviver com alguns natalenses fantásticos. Graças a eles, pude conhecer lugares que provavelmente não conheceria por conta própria. Me fizeram sentir muito à vontade, como se eu conhecesse a cidade há muito mais tempo e como se conhecesse a eles próprios há mais tempo. Fico bastante satisfeito quando consigo essa interação rápida, e que nem por isso torna-se uma convivência descartável.
Por razões pessoais, me faz bem saber que eu tenho certa capacidade de cativar as pessoas e também deixá-las à vontade com a minha presença - ainda mais tendo essa fama de 'ruim' me perseguindo. É óbvio que, devido à distância, a rotina da vida real de cada um, o contato diminui, não existe mais a convivência direta. Mas ficam as lembranças. Coisas boas que marcam e tornam cada viagem única. E faz com que a vontade de voltar permaneça viva - mesmo que tal retorno não aconteça. Afinal, nunca sabemos o dia de amanhã. Assim como, há pouquíssimo tempo, todos esses lugares, essas pessoas, eram totalmente desconhecidos, outros lugares e pessoas continuam o sendo e, quem sabe, quando conhecê-los terei mais lugares na minha lista dos "quero voltar logo".
Todos sabem que tenho uma certa tendência a ser sistemático, organizado, ter tudo sob o meu controle. Porém, a cada nova viagem, percebo que os imprevistos, as mudanças de plano, nem sempre são prejudiciais. Se tivesse seguido à risca meu roteiro inicial, teria eu vivido o que vivi? Pergunta que jamais terá resposta... No fim, o que vale é saber que mais uma vez acertei nas minhas escolhas - mesmo as decepções, as expectativas não correspondidas em certas situações, também tem o seu valor.
Enfim, tudo isso pra dizer que voltei pra casa com um apreço IMENSO por Natal. Guardarei excelentes momentos, excelentes pessoas, excelentes recordações. Pode ser que um dia volte e não seja assim tão maravilhoso. Mas e daí, não é mesmo? Já foi muito bom da primeira vez e isso já basta. O resto é bônus. Só o fato de fazer aquilo que se gosta - ainda que não na quantidade ideal - e saber que de uma forma ou de outra sua presença, sua companhia, agradou pessoas até então desconhecidas e isso, consequentemente, também vai ficar na lembrança deles, vale a pena. Sempre vale. Já é sabido que eu sou fã de frases feitas - por mais clichê que isso seja - o que torna difícil escolher apenas uma que se encaixe aqui. Então, vou colocar uma declaração que li uma vez numa revista, de uma senhora que viajava o mundo sozinha. Era mais ou menos assim: "Se tem vontade, viaje sozinho. Não tenha medo. Você conhecerá pessoas incríveis, das quais jamais se esquecerá. E tenha certeza que elas jamais se esquecerão de você". E eu ainda acrescento aquela minha teoria das trajetórias perpendiculares. Em algum ponto da sua trajetória ela vai se cruzar com muitas outras, as quais se confundirão por um certo período, para logo depois retomarem seus rumos e, provavelmente, jamais se unirem novamente.
Mas de nada adiantam as excelentes companhias se a pessoa não consegue ficar sozinha consigo mesma. Digo isso, pois fui perguntado acerca dos momentos sozinhos. Algo como: "mas não é ruim ficar na praia sozinho, sem ter com quem conversar?", "não dá um vazio, uma tristeza?". Olha... Eu acho que se eu mesmo não suportasse a minha presença, estaria vivendo de uma forma totalmente errada. Claro que a companhia de pessoas agradáveis, queridas, parceiras, amigas, é algo sobre o qual não se pode por um preço. Mas ficar sozinho, fazendo companhia a si próprio, é muito importante. Pois são nesses momentos que surge a oportunidade de se entender, de perceber qual a sua real personalidade, seus gostos, desgostos, coisas ainda a serem feitas, coisas das quais se orgulhar, momentos nem tão memoráveis, desculpas que - eventualmente - devam ser pedidas, coisas que ficaram perdidas na rotina da 'vida real' e que, quando voltam à memória, te tiram sorrisos do rosto, dão saudade...
Às vezes paro pra pensar e digo pra mim mesmo (sim, falar sozinho não é coisa de doido, mas bastante saudável, eu acho...) que, há alguns anos atrás alguém me dissesse que faria tudo o que já fiz, que viveria tudo o que já vivi, eu só iria cair na gargalhada e chamar tal pessoa de maluca. Porque até pra mim é difícil acreditar que tanta coisa boa já me aconteceu. Mas aconteceu. Muitas foram possíveis de compartilhar, outras ficaram só pra mim. Fico bastante satisfeito quando olho para trás e percebo tudo de bom que já passou. E fico mais feliz ainda quando compartilho tais coisas com pessoas que me querem bem e percebo que eles estão felizes por mim, pois isso significa que entendem a importância de tudo isso na minha vida - por mais que eles próprios não achem assim, tão grande coisa esse lance de viajar sozinho.
Pronto. Me empolguei de novo. Quando eu resolvo dar essas filosofadas... Pelo menos eu tenho um certo discernimento e mantenho a linha desse meu blog, com esses textos periódicos.
Sim, porque afinal de contas, o Decerto deve conter "apenas desabafos sazonais".
E viva Natal!
Ano passado, voltei pra casa com uma excelente impressão de João Pessoa, achando que dificilmente outra capital nordestina pudesse causar o mesmo efeito. Me enganei - aquele tipo de engano bom de acontecer. Natal superou todas as minhas expectativas! Se em Jampa eu iria ficar sete dias, mas fiquei nove, em Natal de sete pulei pra onze! E só não fiquei mais porque ainda tinha chão pra percorrer.
Gostei de muita coisa. A praia é acessível, com uma água naquela temperatura, limpa, bastante movimentada mas com uma certa tranquilidade, o povo foi bem hospitaleiro, comi muito bem, não achei as coisas tão caras quanto achei que seriam. E, claro, não posso deixar de lado as pessoas que conheci lá e que certamente tornaram essa estadia na capital potiguar muito mais interessante. Além de vários outros viajantes solitários - sim, é muito mais frequente do que se imagina, o que torna o entrosamento muito mais fácil, dada a rápida identificação uns com os outros - tive a sorte de conviver com alguns natalenses fantásticos. Graças a eles, pude conhecer lugares que provavelmente não conheceria por conta própria. Me fizeram sentir muito à vontade, como se eu conhecesse a cidade há muito mais tempo e como se conhecesse a eles próprios há mais tempo. Fico bastante satisfeito quando consigo essa interação rápida, e que nem por isso torna-se uma convivência descartável.
Por razões pessoais, me faz bem saber que eu tenho certa capacidade de cativar as pessoas e também deixá-las à vontade com a minha presença - ainda mais tendo essa fama de 'ruim' me perseguindo. É óbvio que, devido à distância, a rotina da vida real de cada um, o contato diminui, não existe mais a convivência direta. Mas ficam as lembranças. Coisas boas que marcam e tornam cada viagem única. E faz com que a vontade de voltar permaneça viva - mesmo que tal retorno não aconteça. Afinal, nunca sabemos o dia de amanhã. Assim como, há pouquíssimo tempo, todos esses lugares, essas pessoas, eram totalmente desconhecidos, outros lugares e pessoas continuam o sendo e, quem sabe, quando conhecê-los terei mais lugares na minha lista dos "quero voltar logo".
Todos sabem que tenho uma certa tendência a ser sistemático, organizado, ter tudo sob o meu controle. Porém, a cada nova viagem, percebo que os imprevistos, as mudanças de plano, nem sempre são prejudiciais. Se tivesse seguido à risca meu roteiro inicial, teria eu vivido o que vivi? Pergunta que jamais terá resposta... No fim, o que vale é saber que mais uma vez acertei nas minhas escolhas - mesmo as decepções, as expectativas não correspondidas em certas situações, também tem o seu valor.
Enfim, tudo isso pra dizer que voltei pra casa com um apreço IMENSO por Natal. Guardarei excelentes momentos, excelentes pessoas, excelentes recordações. Pode ser que um dia volte e não seja assim tão maravilhoso. Mas e daí, não é mesmo? Já foi muito bom da primeira vez e isso já basta. O resto é bônus. Só o fato de fazer aquilo que se gosta - ainda que não na quantidade ideal - e saber que de uma forma ou de outra sua presença, sua companhia, agradou pessoas até então desconhecidas e isso, consequentemente, também vai ficar na lembrança deles, vale a pena. Sempre vale. Já é sabido que eu sou fã de frases feitas - por mais clichê que isso seja - o que torna difícil escolher apenas uma que se encaixe aqui. Então, vou colocar uma declaração que li uma vez numa revista, de uma senhora que viajava o mundo sozinha. Era mais ou menos assim: "Se tem vontade, viaje sozinho. Não tenha medo. Você conhecerá pessoas incríveis, das quais jamais se esquecerá. E tenha certeza que elas jamais se esquecerão de você". E eu ainda acrescento aquela minha teoria das trajetórias perpendiculares. Em algum ponto da sua trajetória ela vai se cruzar com muitas outras, as quais se confundirão por um certo período, para logo depois retomarem seus rumos e, provavelmente, jamais se unirem novamente.
Mas de nada adiantam as excelentes companhias se a pessoa não consegue ficar sozinha consigo mesma. Digo isso, pois fui perguntado acerca dos momentos sozinhos. Algo como: "mas não é ruim ficar na praia sozinho, sem ter com quem conversar?", "não dá um vazio, uma tristeza?". Olha... Eu acho que se eu mesmo não suportasse a minha presença, estaria vivendo de uma forma totalmente errada. Claro que a companhia de pessoas agradáveis, queridas, parceiras, amigas, é algo sobre o qual não se pode por um preço. Mas ficar sozinho, fazendo companhia a si próprio, é muito importante. Pois são nesses momentos que surge a oportunidade de se entender, de perceber qual a sua real personalidade, seus gostos, desgostos, coisas ainda a serem feitas, coisas das quais se orgulhar, momentos nem tão memoráveis, desculpas que - eventualmente - devam ser pedidas, coisas que ficaram perdidas na rotina da 'vida real' e que, quando voltam à memória, te tiram sorrisos do rosto, dão saudade...
Às vezes paro pra pensar e digo pra mim mesmo (sim, falar sozinho não é coisa de doido, mas bastante saudável, eu acho...) que, há alguns anos atrás alguém me dissesse que faria tudo o que já fiz, que viveria tudo o que já vivi, eu só iria cair na gargalhada e chamar tal pessoa de maluca. Porque até pra mim é difícil acreditar que tanta coisa boa já me aconteceu. Mas aconteceu. Muitas foram possíveis de compartilhar, outras ficaram só pra mim. Fico bastante satisfeito quando olho para trás e percebo tudo de bom que já passou. E fico mais feliz ainda quando compartilho tais coisas com pessoas que me querem bem e percebo que eles estão felizes por mim, pois isso significa que entendem a importância de tudo isso na minha vida - por mais que eles próprios não achem assim, tão grande coisa esse lance de viajar sozinho.
Pronto. Me empolguei de novo. Quando eu resolvo dar essas filosofadas... Pelo menos eu tenho um certo discernimento e mantenho a linha desse meu blog, com esses textos periódicos.
Sim, porque afinal de contas, o Decerto deve conter "apenas desabafos sazonais".
E viva Natal!
Um comentário:
Quando a gente descobre que a gente pode fazer muita coisa sozinho é libertador! Todo mundo quer viajar mas nem sempre todos terão dinheiro, tempo e disposição. Eu quis muito fazer um mochilão para Europa. Todos os meus amigos queriam. Na hora do vamos ver, fugiram... Eu fui me munindo de informações e tomei coragem de ir sozinha. Foi a melhor viagem que já fiz. Conheci muita gente legal! e olha que eu sou um pouco introvertida. As horas de solidão eu matava escrevendo... Muitos amigos ficaram temerosos mas deu tudo certo.
Como tudo na vida, tem suas vantagens e desvantagens. A melhor vantagem é não ter que negociar onde quer ir. Desvantagem: não ter com quem dividir as despesas de hospedagem rs (OK, estou brincando).
Depois disso, engraçado, sempre fui acompanhada e uma delas foi para Natal. Este ano pretendo ir sozinha para o Maranhão.
Natal é a minha capital preferida do Nordeste. Passei apenas 5,6 dias ali com uma vontade de voltar o mais breve possível.
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