sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Relatos do Sertão - II

Eu fui para Piranhas seguindo a dica de amigos que já conheciam a região e me recomendaram dormir lá, em vez de fazer o passeio para o Xingó no esquema bate e volta de Aracaju. Posso dizer que foi uma decisão mais do que acertada. Claro que ficou mais caro, pois tive que pagar pousada, mas valeu por conhecer a cidade.

Piranhas, segundo a guia do passeio, é a única cidade do sertão tombada pela Unesco. E uma vez lá, o motivo fica claro. O centro histórico - também chamado de "Piranhas velha" - é muito bonito. Construções preservadas, recém-pintadas, cada uma numa cor (remete à Olinda), várias placas explicando o que funcionava ali no passado, enfim, um lugar que parece um cenário de filme (tanto que filmes e novelas já foram gravados ali). Como se não bastasse isso, você tem livre acesso ao Rio São Francisco. É uma sensação muito boa poder nadar nesse rio tão famoso e tão importante para o país - ele banha mais de 500 municípios ao longo do seu curso - com uma temperatura agradabilíssima e águas claras, a ponto de ser possível ver o fundo em profundidades menores. Por isso vale a pena ir até Piranhas. Embora Canindé tenha pousadas e agências de passeios, a cidade, pelo pouco que vi, não oferece nenhum atrativo. E pra quem já aguentou quatro horas dentro de um ônibus, o que são vinte minutos de carro?

Claro que por ser uma cidade bem pequena, as opções de lazer são escassas, especialmente durante a noite, mas ainda assim vale ser visitada. Fiquei duas noites, mas creio que poderia ter ficado mais uma, faltaram algumas ruas a serem percorridas e alguns banhos de rio a serem tomados. Existe um outro passeio, a Rota do Cangaço, que leva até a Grota do Angico, local onde Lampião e seu bando foram mortos. Eu li a respeito desse passeio num blog e não me interessei, pois seria uma caminhada debaixo do sol forte da caatinga para chegar num ponto com uma placa enorme dizendo o que ali aconteceu. Claro que também rola um percurso de barco rio abaixo e um almoço num restaurante todo temático, mas ainda que me interessasse, fazer o passeio implicaria em eu ter que chegar às pressas na pousada para arrumar as coisas e ir rápido para Canindé. Eu detesto isso, fazer tudo correndo. É cansativo e geralmente eu deixo metade das minhas coisas pra trás. Logo, não fiz.

Com relação ao porquê ter preferido dormir em Piranhas, vou deixar os "detalhes técnicos" para o meu outro blog. Porém, até para me ajudar a lembrar de tudo depois, algumas infos posto aqui. Para ir de Aracaju até Piranhas, é preciso comprar uma passagem até Canindé de São Francisco (linha que segue até Paulo Afonso, na Bahia) e de lá pegar uma condução até Piranhas. Peguei táxi mesmo por estar com mala - pois é, mochila não tá mais rolando. Para voltar, foi a mesma coisa. Por ter voltado na sexta-feira, quase fiquei para trás, pois não havia comprado antes e, ao chegar em Canindé, tive que esperar o ônibus chegar de Paulo Afonso para ver se ainda havia vaga. Restavam três lugares, para o meu alívio.

Apesar de um atraso na estrada - obras - cheguei em Aracaju num horário bom. Tive que pegar táxi de novo, pois não ia rolar circular com a bagagem. Peguei um motorista que mais parecia o Seu Lunga. Quando dei por mim, vi que o taxímetro acusava bandeira 2 - ao meio-dia de sexta-feira - e ao perguntar o motivo, olha só, "é por causa do aumento do combustível. Ou seja. FORA DILMA! FORA PT! Nem quero ver qual bandeira é cobrada no período que seria de direito a 2... Depois geral vai de Uber, essa máfia fica magoadinha.

Uma vez no hostel tive que aguentar a piadinha SUPER ORIGINAL do recepcionista, perguntando se sou parente do Zezé, é o Camargo mesmo. Pois é. O hostel em si não é ruim - já fiquei em muito piores - tem ar condicionado, wifi legal, banheiro dentro do quarto. Entretanto, não pude escolher a cama, fui designado para uma cama extra, sendo que o quarto nem lotado estava - até porque se tivesse nem armário eu teria para colocar minhas coisas. Conclusão: por mais que eu esteja repetindo esse lance de "volta às origens", certas coisas nunca mais serão como antes. E ficar em hostel é uma delas. Não consigo mais, ainda mais agora que moro sozinho. Acostumei tanto com meu espaço que ter que dividi-lo, ainda mais com estranhos, tornou-se algo desconfortável. Sim, já gostei muito dessa experiência e já fiz amigos assim, mas já passou a fase. Eu sei. Estou envelhecendo. Acho que só em Pipa eu consigo ficar em hostel...

No mais, foi aquele passeio pela praia e orla que eu postei no Facebook. Amanhã é dia de passeio. Será que vou conseguir pegar a jabiraca de Jairo e ir até Santana do Agreste? 

Enfim. É isso.

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