quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Antes tarde...

     Já faz mais de um ano que não posto nada aqui. Culpa do Facebook que acaba tomando toda minha atenção...

     Porém, como hoje eu estou a fim de fazer textão, reclamar mesmo, retomar ainda que momentaneamente a minha tão famosa rabugice, achei melhor vir aqui. Os últimos dias vem sendo muito difíceis de terminar, aliás este mês de novembro parece que não vai terminar nunca - em compensação o dinheiro... Creio eu que essa irritação aparentemente sem motivo seja mesmo falta de reclamar, afinal hoje em dia TUDO VIRA MIMIMI, e eu acabo engolindo as queixas, coisa que não me faz bem. Reparei que ninguém mais questiona nada daquilo que não concorde, já chega na voadora. O famoso "leu apenas o título, não leu a matéria". As pessoas estão cada vez mais enfurecidas ao se sentirem contrariadas. Vide os fanáticos religiosos. Vai você tentar mostrar uma contradição óbvia da bíblia. Os caras até juram você de morte. Tudo em nome de Jesus, claro.

     Enfim, vamos lá:

     Hoje eu vi no UOL a chamada de uma "matéria", que dizia assim: "Neymar faz 2600 pontos no Counter Strike". Aí eu pergunto: isso é jornalismo? Qual a relevância de uma BOSTA dessa na minha vida ou na vida das pessoas em geral? Tá, vem você me dizer que "se está publicado é porque tem quem consome". Nesse caso, será mesmo? Até entendo que o cara já tenha se transformado numa figura do 'show bussines', afinal futebol é a última coisa que aparece associada a ele, mas existe alguém tão desocupado que a ponto de se interessar em pontuação de game que o cara faz? Eu achava que o único placar que importasse era o do gols. Quando foi que o jornalismo ficou tão raso, ridículo e imbecil?

     Isso me fez lembrar uma outra ocasião, naquele falecido "Ego" - outra coisa pavorosa, que felizmente perceberam e extinguiram - uma chamada, com direito a foto, que era mais ou menos assim: "quinta colocada no Miss Bumbum é vista com moreno que já foi affair da irmã de Neymar". Qual a relevância desta caralha? Quem - meu Deus - se interessa por isso? E a lista pode ser grande, com absurdos tais como "peladona de Congonhas", "apalpada por ator", "Cassia Kiss e sua calça descontraída" (pesquisa no google se duvida desta última). É por isso que as coisas estão como estão. Sim, pois ninguém mais se interessa por literatura, cinema, conhecimento, aprendizado. Estão a perder tempo com o "ex-affair da puta que pariu" ou "amiga da vizinha da manicure da cunhada do cu do caralho".

     Hoje, também, vi um anúncio de uma loja de calçados, onde o tal do New Balance custa R$ 600,00. SEISCENTOS REAIS UM PAR DE NEW BALANCE! Por quê? Porque algum "instragamer", "youtuber", "digital influencer" (nojo) disse que "tá usando", "é tendência" e pronto, lá foram os modinhas sem personalidade atrás do tal tênis. É curioso como todo mundo quer ser diferente sendo igual. Lembro que quando eu era adolescente o New Balance já existia e era, digamos assim, terceiro na lista de preferência. Quem tinha New Balance nem era tudo isso. Já já aparece alguém dizendo que o KICHUTE é "top" e aí, claro, todo mundo vai usar a desgraça e o troço vai custar uma fortuna. Com esse dinheiro eu vou no outlet da Nike aqui em Ribeirão e saio com quatro, cinco pares. Mas, claro, é Nike, não interessa aos modinhas. Não dá status. Aliás eu nunca entendi esse conceito de moda. Num momento é o item mais desejado; dali duas semanas o povo até ateia fogo por vergonha de ter comprado. Até a tal da pochete, coisa tão demonizada, outro dia li que estava "voltando". Aí vai lá a pessoa idiota, que dizia achar pochete um "crime fashion", gastar dinheiro com o treco, para usar dois dias e depois encostar, só porque "TÁ USANDO". Aguardo ansioso o dia em que "estejam usando" o cérebro.

     Tais (e muitas outras) coisas, conforme elas vão acontecendo e se acumulando, só fazem aumentar em mim uma vontade de isolamento. Eu gostaria de ter tempo e dinheiro para viajar - sozinho - para algum destino pouco explorado, onde os farofeiros paulistas ainda não chegaram (sim, os paulistas são os piores, pois acham que todo lugar é Praia Grande), ficar dias, semanas, tendo o mínimo de contato humano possível, de preferência apenas com os locais e somente para tratar o necessário.

     Mas não só viajar.

     Há algum tempo fico imaginando como seria (será?) se eu deixasse de usar o Facebook. Eu já consegui resistir a todas as outras redes sociais, o Facebook é a única que me fisgou e me viciou. Ainda reluto em desativar meu perfil pois tenho muitos contatos ali que, mesmo não trocando mensagens com frequência, têm perfis interessantes, os quais gosto de seguir. Depois, existem as páginas que eu sigo, especialmente as de cinema, as quais me mantém informado com notícias e fatos que eu não encontraria em outros meios. Fora que até mesmo para me informar com o que está acontecendo no mundo eu acabo usando o Facebook; há muito tempo não assisto televisão, tampouco leio jornais e revistas, e por isso temo ficar por demais alienado de vez caso saia. Se bem que, do jeito que a coisa anda, um festival de ódio, um maniqueísmo nojento, talvez não seja de todo mal ficar por fora do que está acontecendo. Como dizem, "a ignorância é uma bênção".

     O fato é que eu ando deveras cansado. Mentalmente cansado. Desmotivado. Nada desperta interesse em mim, é como se eu estivesse empurrando a vida com a barriga, estou sem entusiasmo para qualquer coisa. A sociedade está entediante, a rotina, maçante. As pessoas estão egoístas, egocêntricas. Vivem pelo status, pela aparência, pela competição de quem ostenta mais. Ainda bem que já tenho meus amigos, pois dificilmente conseguirei fazer mais. As relações pessoais andam descartáveis demais.

     Quem sabe não entro 2018 decidido a me desligar do Facebook? Nem que seja para fazer um tipo de experimento comigo mesmo, ver quanto tempo - e se - eu aguento ficar sem usar a rede social. Será que terei mais tempo pra mim? Será que vou usar esse tempo em meu benefício, escrevendo, me exercitando? Será que vou conseguir valorizar mais meus relacionamento interpessoais? Enfim, uma ideia que vem sendo cultivada todos os dias. Veremos...

     Ufa. Preciso fazer isso mais vezes. Ah, preciso...

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