domingo, 6 de novembro de 2016

Jornada do Herói

     A maioria das estórias que lemos ou assistimos tratam-se da chamada 'jornada do herói'. Tratam-se de etapas pelas quais a narrativa tem que passar para construir o personagem principal, seu antagonista e os coadjuvantes. Foi o exercício mais difícil, pois tomou muito tempo, muita revisão. Óbvio que a jornada é muito mais do que eu posto aqui. Como disse, é apenas um exercício. Mas com base nesse esqueleto dá para desenvolver a estória para onde o autor quiser. Serve como roteiro, estrutura, fio condutor. Deu trabalho, mas finalmente saiu...

ETAPAS DA JORNADA DO HERÓI

1 – O mundo comum
- Vem comer, menino. Já, já você precisa abrir a taverna e atender aqueles beberrões, não pode ficar sem comer. Come, vamos!

Como filho único, Reno sempre foi muito protegido pela mãe, e também muito mimado, especialmente depois que seu pai morreu. Por conta disso, era sempre o gordinho da turma, sempre acima do peso, já que sua mãe nunca achava que ele havia comido o suficiente.

Quando chegou à idade de prestar serviços à guarda do reino, Reno não foi convocado para o alojamento e para os treinamentos, por conta de seu peso em excesso. Foi um dos poucos jovens que não passaram pela cavalaria real, o único por obesidade – os demais possuíam alguma deficiência motora, visual ou mental. Por conta disso acabou assumindo a administração da taverna que era de seu pai quando este morreu. Graças às iguarias preparadas pela Dona Zaira, sua mãe, a Taverna do Zenon – nome do seu falecido pai – era um dos locais mais frequentados do reino.

Embora sofresse limitações por conta do seu peso, Reno não fazia questão alguma de emagrecer, especialmente depois de ter perdido a oportunidade de servir à guarda real e realizar o sonho de seu falecido pai. A única coisa que importava, agora, era seguir administrando a taverna e comendo as delícias que sua mãe preparava na cozinha.

2 – Convite à aventura
            Começou a correr pelas vielas que o rei havia decidido trazer de volta a Pedra do Pecado, confinada por anos no interior da Torre Seca, no Grande Deserto do Leste, pois há anos não havia nenhum nascimento no reino e isso começava a preocupar os conselheiros, os quais previam dificuldades no futuro. A sociedade estava envelhecendo, o número de pessoas precisando de cuidados estava aumentando e, em breve, seria maior do que a quantidade de pessoas que podiam prestar tais cuidados.

            O que era apenas um rumor logo se confirmou, o rei havia mesmo decidido sobre o retorno da Pedra, e Reno soube disso diretamente da boca de Mestre Borin, cavaleiro do reino, comandante da guarda real e que no passado havia sido muito amigo de seu pai. Como o caminho até a Torre Seca era inóspito, sem qualquer tipo de fonte de alimento, apenas alguém como Reno poderia suportar a jornada sem comer, uma vez que não morreria de inanição. Além disso, Mestre Borin sabia que escolhido teria condições de cumprir com a missão, ainda que o próprio Reno não soubesse disso.

3 – Recusa ao chamado e a motivação
            Reno se desesperou ao saber da convocação do rei. Passar dias sem comida, rumo ao lugar mais temido do reino, era algo que considerava impossível. Sabia que não teria forças para concluir a missão e, pior, como suportar a ausência das comidas de sua mãe sem enlouquecer?

            Mestre Borin disse a Reno que ele não teria outra opção, pois eram ordens do rei. O mestre revelou a Reno que tinha conhecimento de que o taverneiro treinava às escondidas com a espada que havia sido de seu pai, segredo que Reno julgava ser apenas seu. A mãe de Reno, acreditava que a espada havia sido entregue à guarda real após a morte de seu marido, pois assim o exigiu quando recebeu a notícia de que havia ficado viúva. Não gostava da arma, a julgava amaldiçoada, acreditava que seu marido havia morrido justamente por ter mantido em seu poder objeto que não mais o pertencia, uma vez que não conseguiu fazer parte da guarda real.

            Quando Zenon morreu em circunstâncias que nunca foram totalmente esclarecidas, o então garoto conseguiu preservar a espada que seu pai guardava. Zenon não havia se perdoado pelo fato de não ter conseguido conquistar seu lugar na guarda real quando jovem. Suas habilidades motoras eram sofríveis, não era capaz de manejar a espada ou qualquer outra arma. Assim que foi dispensado, conseguiu que Borin – já comandante da guarda real naquela época – o deixasse ficar com a espada que estava na família havia gerações. Segundo as tradições, quando um jovem fracassava na tentativa de fazer parte da guarda real, quaisquer armas que possuísse, mesmo que de família, eram confiscadas e passavam a fazer parte do arsenal do reino. Porém, em nome da amizade que Borin manteve por toda a vida com os antepassados de Zenon, especialmente com o próprio, o comandante permitiu que o futuro pai de Reno mantivesse a relíquia familiar.

           Após a morte de Zenon, Borin fez que atenderia ao pedido de Zaira, mas secretamente entregou a espada a Reno, pois sabia da admiração do garoto pelo pai, porém acreditava que ela jamais seria usada, pois o filho de Zenon nunca entraria para a guarda por conta de seu peso. Mestre Borin ficou surpreso com a tenacidade do garoto ao descobrir que ele treinava secretamente suas habilidades com a espada.

     Finalmente havia chegado a hora de Reno colocar em prática tais habilidades.

4 – Encontro com o mentor
            Mestre Borin explicou a Reno que, anos atrás, a então rainha, incomodada com o que ela chamava de “as indecências do reino”, determinou que o conselho de sábios eliminasse toda a luxúria presente nas pessoas, pois não suportava mais a vida mundana que seus súditos – e também a realeza – levavam.
            
            Foi quando o conselho conseguiu reprimir toda a lascívia existente no império, enclausurando todo esse desejo no que eles vieram a chamar de Pedra do Pecado, um cristal ordinário, sem valor, mas que após ser encantado, tornou-se brilhante, de cor escarlate. O desejo da rainha era ver essa pedra destruída, para que nunca mais houvesse malícia nas pessoas, mas seu desejo não foi atendido, uma vez que caso destruída a pedra toda a luxúria tornaria a habitar as pessoas, pois o desejo carnal jamais pode ser destruído, apenas reprimido. Sendo assim, a solução encontrada foi isolar a pedra considerada maldita num local distante e conhecido apenas por pelos membros do conselho.
            
             Além de explicar a origem da Pedra do Pecado e indicar a Reno o caminho que deveria seguir para recuperar tal objeto, Mestre Borin entregou ao mais novo servo da realeza um cajado mágico com o qual ele poderia obter água de qualquer ponto do solo, pois água era algo que Reno não poderia obter apenas com a gordura do seu corpo. Além de água, o cajado também serviria como fonte de luz, pois uma vez dentro da torre, Reno perderia o auxílio da luz natural. Ao questionar seu mestre como deveria fazer para que o cajado iluminasse seu caminho, Reno ouviu que não deveria pensar nisso, pois o artefato reconheceria a escuridão e naturalmente iria se iluminar, pois como já havia sido apresentado, era um cajado mágico.

5 – Travessia do portal
            A partida de Reno em direção ao Deserto do Leste foi acompanhada por todo o reino, dos súditos à realeza. Navegaria por quase um dia inteiro até alcançar o outro lado do oceano que separava o continente habitável do temido Grande Deserto do Leste. Sua mãe estava inconsolável, chorava e dizia que se o filho morresse naquela jornada o reino nunca mais teria paz, pois amaldiçoaria a todos. Ante o desespero da mãe, Reno resolveu esconder a espada no meio dos mantimentos e colocar a bainha nas costas apenas quando chegasse ao outro lado da travessia.
            
              Reno não se empolgou com o tamanho da embarcação, pois sabia que os mantimentos que ali cabiam jamais seriam suficientes para saciar sua fome, tampouco teria condições de carregá-los durante sua jornada solitária. Decidiu que não dormiria durante o percurso, pois passaria o tempo todo comendo. Não queria ter que jogar nada fora e imaginava que quanto mais alimentado estivesse assim que alcançasse o outro lado, mais tempo suportaria sem comida.

6 – Desafios do herói
            Uma vez desembarcado, Reno logo se pôs a percorrer o caminho indicado por Mestre Borin, pois não queria perder tempo, muito menos energia. Reno acreditava que não corria risco de se perder, pois mesmo ao longe, a Torre Seca já era visível. Ao redor a paisagem era uma só: uma planície vermelha, árida, sem qualquer vestígio de vegetação, tampouco de outros seres vivos. O céu, praticamente sem nuvens.
           
           Seguindo as orientações de Mestre Borin, Reno saiu do reino na intenção de alcançar o Grande Deserto na manhã do dia seguinte, pois ainda que o calor fosse extenuante, uma caminhada noturna seria ainda mais perigosa por conta da queda brusca de temperatura que certamente ocorreria naquele ambiente. Assim, Reno caminhava resignado sob o forte sol sobre sua cabeça, carregando apenas o cajado mágico na mão direita e a espada embainhada nas costas.

Finalmente, depois de uma longa e extenuante caminhada, Reno alcançou a entrada da Torre Seca. O servo real pensou que mais do que o calor, foi a solidão do trajeto que tornou tudo ainda mais penoso. Acostumado ao barulho constante dos bêbados em sua taverna, estar tanto tempo sem ouvir nada além de seus pensamentos foi uma dificuldade para a qual ele não estava preparado. Reno evitava pensar que ainda havia muito a percorrer sem qualquer companhia. Felizmente o cajado de Mestre Borin era muito eficiente e fazia brotar água pura e fresca mesmo do solo mais árido; por várias vezes Reno fez a água jorrar para o alto, para depois cair sobre sua cabeça e aplacar o calor.

Ao contrário do que pensava, a entrada da torre não estava bloqueada; assemelhava-se mais a uma caverna do que a algo construído pelo homem, tanto que por um momento pensou que o nome correto do lugar deveria ser “caverna seca”.

Assim que cruzou a entrada e finalmente se viu livre dos raios solares, ouviu o barulho de água corrente, o que lhe causou ainda mais confusão, pois acreditava que estava indo para um lugar seco. Anotou mentalmente para, quando retornasse, questionar seu mestre o porquê do nome “Torre Seca”. Reno frustrou-se ao perceber que não alcançaria o riacho logo abaixo, pois seu corpo obeso não o permitiria atravessar a fenda que se apresentava na rocha à sua frente; teria que percorrer outro caminho, provavelmente mais longo. Ainda que o cajado lhe fornecesse água, imaginou que o riacho seria um bom guia para o interior da torre.
          
          A fome já se fazia sentir mais forte. Reno pensou em desistir, mas preferiu crer que perto do riacho haveria algum tipo de vegetação ou mesmo ser vivo que servisse de alimento. De repente, perdeu os sentidos. Quando deu por si, estava ajoelhado, com uma rocha nas mãos, entre os dentes. Foi então que percebeu que a ausência de comida o fazia alucinar. Confundiu pedra por pão. Temeu por sua sanidade e por sua vida.

7 – Aproximação da caverna oculta
            Reno já não sabia mais a quanto tempo estava no interior daquele lugar. O cajado mágico e sua incrível habilidade de perceber a escuridão e emitir luz havia se tornado também um incômodo. Como o ambiente era escuro o tempo todo, a luz do cajado nunca se apagava e Reno não tinha mais noção de tempo, não sabia se era dia ou noite, só conseguia dormir quando absolutamente esgotado. O que denunciava que já estava ali há mais tempo do que gostaria eram suas roupas, já largas, o cordão da cintura cada vez mais apertado para segurar suas calças. Agradeceu estar carregando apenas a espada, que era feita de material leve, pois não sabia se teria forças para carregar qualquer outro objeto, inclusive comida, sobre os ombros.

Reno percebeu que havia chegado a algum lugar, que aquela caminhada que parecia interminável finalmente encontrava seu fim. Acompanhando o fluxo de água desde que alcançou o riacho, ele notou quando a velocidade da água diminuíra, assim como quando o solo perdeu sua inclinação aos poucos. Depois de percorrer corredores longos e estreitos, Reno chegou a uma gruta enorme, a uma profundidade que ele desconhecia. O riacho que parecia terminar ali, despejava suas águas numa espécie de lago, com uma rocha perfeitamente retangular em seu centro. Sobre ela, uma pedra igualmente retangular, não maior que um pedaço de sabão, emanava um brilho vermelho, intenso, como se fosse o coração pulsante de um ser mitológico.

Foi então que Reno se deu conta de que havia alcançado o santuário da Pedra do Pecado.
           
8 – Encontro com o vilão e desfecho (9)
Reno não teve dificuldade para alcançar a pedra, pois a quantidade de água que circundava o seu pedestal era insuficiente para alcançar seus tornozelos. Porém, antes que pudesse pôr as mãos naquela gema brilhante, ouviu um ruído, como se algo se movesse sobre as águas.

Foi então que Reno percebeu que a hora de usar suas habilidades com a espada finalmente havia chegado – até ali não havia enfrentado nenhuma criatura, apenas a fome e o cansaço. Uma serpente monstruosa guardava o ídolo. Por um momento chegou a achar que era uma nova alucinação, pois se perguntou como uma criatura daquele porte poderia sobreviver num local sem alimento. Porém não teve tempo de descobrir.

Embora assustado e severamente debilitado, Reno foi capaz de perceber que o monstro era cego, guiava-se provavelmente pelos sons e variações de temperatura e deslocamento do ar. Mesmo em franca desvantagem, dadas suas condições físicas, Reno conseguiu derrotar a serpente, após desferir vários golpes com sua espada, até que o monstro sucumbisse. Surpreendeu-se com a facilidade com que abateu o monstro, especialmente por estar há tanto tempo sem comer. Pensou que, talvez, o monstro estivesse nas mesmas condições, igualmente ou ainda mais debilitado, além de ser uma criatura cega. Se não fosse o cadáver que jazia à sua frente, iria pensar que havia alucinado, mais uma vez.

10 – Caminho de volta
            Embora a tentação fosse quase dolorosa, Reno resistiu ao ímpeto de morder nacos de carne da serpente. Teve medo de ser envenenado e fracassar, logo agora que havia conseguido o mais difícil. Resignado, foi até a Pedra. Ao retirá-lo de sua base, nada aconteceu, para a surpresa de Reno.
            
           Quando ele se deu conta do caminho que teria que fazer para retornar ao reino, sentiu-se sem forças para continuar. Foi então que resolveu banhar-se nas águas do riacho, na tentativa de recarregar o pouco da energia que ainda lhe restava. Desequilibrou-se ao entrar na água e derrubou a pedra no leito do riacho, a qual ficou totalmente submersa. Reno não se desesperou, pois a correnteza ali era quase nula, porém percebeu uma agitação repentina nas águas que circundavam o que até minutos atrás servia como altar para a Pedra do Pecado. O local onde a pedra mágica estava começou a ruir, aos poucos, até que uma cratera se abriu e Reno teve tempo apenas de guardar a pedra na bolsa vazia que trazia amarrada em sua cintura, não conseguiu fugir para o lado oposto. O chão tremeu sob seus pés e ele foi tragado pela correnteza e pela gravidade rumo ao desconhecido.
            
           Reno achou por um momento que iria despencar em direção ao centro do planeta, mas logo percebeu que a água o conduzia por uma galeria, por passagens que pareciam há muito esculpidas pelas águas, algo que se assemelhava a um enorme e antigo sistema de escoamento. Por alguns segundo chegou a se divertir com a experiência, mas logo percebeu que a velocidade com que descia só fazia aumentar, que a força dos impactos do seu corpo ao alcançar as curvas dos corredores por onde deslizava era cada vez mais forte. Foi então que perdeu o controle sobre o corpo e sentiu uma pancada na cabeça. Desmaiou.

11 – A ressurreição
          Reno acordou com dores por todo o corpo, sentindo o calor do sol no seu rosto. Quando conseguiu restabelecer seu raciocínio, tateou em busca do ídolo e sentiu-se aliviado ao perceber que o mesmo não havia se perdido na enxurrada. Quando percebeu uma sombra sobre o rosto, olhou para cima e viu Mestre Borin à sua frente.
            
            O mestre explicou a Reno que apenas o portador do cajado mágico poderia adentrar a torre; qualquer outra pessoa que ali chegasse não enxergaria a entrada, apenas rocha, por isso a missão dele tinha que ser solitária. O ancião disse a Reno que o ponto onde se encontravam era do lado oposto da entrada da Torre Seca, e que, dali, ambos poderiam retornar ao reino através de um portal secreto. Antes que Reno protestasse, Borin explicou que seria inútil ele chegasse por ali através do portal, pois o acesso à gruta da Pedra do Pecado era inacessível por aquele ponto. Era impossível subir até o altar da pedra por aquelas galerias íngremes e escorregadias.

12 – Clímax
            Reno foi recebido com honras de herói, sendo aplaudido por todo o reino. Porém, em meio à multidão, buscou por sua mãe. Amparada pela rainha, ela chorava ao ver o quanto o filho havia emagrecido, seu aspecto de sofrimento, sofria ao imaginar as privações pelas quais ele havia passado. Tentando conter a emoção e o desespero, Zaira pediu desculpas por ter pedido ao Mestre Borin que a espada de Zenon fosse devolvida ao reino, mas que agora estava feliz por não ter sido ouvida pelo comandante da guarda real. Mostrou-se orgulhosa da coragem do filho e sentiu que seu falecido marido estava sendo honrado. Reno compreendeu a mãe e, com um abraço, demonstrou a ela que nada mais importava, pois havia cumprido a missão e, mais importante, finalmente poderia comer da sua comida de novo.

13 – Finalização
            Ao notar a aproximação do rei e da rainha, Reno se ajoelhou em reverência e entregou ao casal a Pedra do Pecado. Era incrível como, mesmo depois de tantas quedas, o objeto permanecia intacto, sem nenhum arranhão, como se fosse o mais puro diamante vermelho do universo. Em seguida, a rainha, com um sinal sutil de cabeça, ordenou que o Conselho dos Sábios a seguisse, pois teria início o ritual de libertação da luxúria e, dali alguns meses, recomeçaria o repovoamento do reino.

          Embora todos quisessem se aproximar de Reno, o agora herói pediu a seu mestre que dispersasse a multidão. Não queria, naquele momento, nenhum tipo de festa, celebração. Desejava apenas voltar para sua casa, com sua mãe, poder finalmente descansar num local confortável e, mais ainda, comer tudo aquilo que conseguisse. No fundo Reno sabia que as forças que reuniu para concluir a missão não eram fruto de heroísmo, muito menos de um desejo de ter de volta a luxúria – na verdade ele nem sabia bem o que queria dizer luxúria, pois fazia parte da geração que havia nascido depois da criação da Pedra do Pecado – mas sim resultado da fome, da vontade de estar de volta à sua casa, à sua mesa, do desejo quase doloroso de comer as comidas que apenas sua mãe sabia preparar. 
                Reno jamais revelaria, mas seu heroísmo na verdade era fome.

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